Texto – Marco Coelho / Fotos - Soraia Bettencourt
(para mais fotos sobre este evento, visitem www.festivalabismo.viaoceanica.com )

15 de Setembro 2006
Neste primeiro dia do evento, as coisas não correram como planeado. Primeiro foi o mau tempo que resolveu fazer a sua gracinha, depois os problemas eléctricos.
O gerador que “alimentava” o palco principal avariou ao início da tarde. A organização tudo fez e acabou por arranjar outro que o substituísse, ainda mais potente. Quando tudo parecia bem encaminhado, o segundo gerador fez o favor de avariar também. Com isso, e com o adiantado das horas, só foi possível a actuação dos Dj’s, pela potência necessária ser muito inferior à das bandas.
Por volta das 24h00 subiu ao palco o DJ FBO (TER), que chegou relativamente atrasado, devido a uma mega intervenção policial no exterior do recinto (se a Policia fizesse estas operações stop no final das touradas à corda com o mesmo afinco que o fazem nas festas nocturnas, aí sim, metiam metade da ilha a andar a pé!).
Quanto ao FBO, este começou o seu set sem grandes ambições. Entrou muito numa onda house-comercial, mas, mesmo assim, conseguiu trazer o público para a frente do palco. Com o evoluir do set, o artista terceirense começou a “entrar” mais no som progressive/tribal que nos habituou em outros eventos.
De seguida subiu ao palco o “cabeça de cartaz” deste primeiro dia, o Dj Carlos Manaça (LX), que a meu ver esteve algo mal, visto que começou muito cedo a passar underground, o que é uma sonoridade muito “twilight zone” para as 02h00. Mas tirando isso, esteve bem com poucas falhas, e agradando os espectadores presentes.
16 de Setembro 2006
Com os problemas eléctricos do dia anterior, a organização viu-se obrigada a passar os concertos (quase) todos para este dia de Sábado.
A abrir a noite estiveram os Overload (TER), a banda com uma sonoridade Rock/Goth, a meu ver estiveram muito bem, conseguindo mesmo arrecadar alguns aplausos e, até mesmo, a difícil proeza de fazer a audiência deslocar-se para a frente do palco. Tirando um ou dois pormenores, arrisco a dizer que foi das melhores actuações da banda, embora não se tenham apresentado ainda muitas vezes ao vivo e pelo que tenha presenciado.
Seguiram-se os Manifesto (TER), banda que já tem 10 anos de existência, mas estão como o vinho do porto. Os Manifesto apresentaram-se em palco, para o seu único concerto este ano, com dois novos elementos (Foggy e Leão, ou Flash para os amigos), que desempenharam as suas funções primorosamente.Com temas como “Estrela Vermelha”, “Sol da Plenitude” e o já “famoso assassinato” à música de Zeca Afonso, “O que faz falta”, conseguiram trazer uma contagiante animação ao evento. Nota muito positiva para esta actuação.
Chegou o momento de entrar em palco a terceira banda da noite, os Anomally (TER). A banda local de Death/Trash, a meu ver, fez uma actuação exemplar, com bastantes melhorias em relação ao festival AngraRock! Também não sei até que ponto as melhorias não foram devido à excelente qualidade de som existente no Festival Abismo, mas isso “são contas de outro rosário”. Devido à boa actuação, os Anomally conseguiram “estragar” o trabalho das duas bandas anteriores. No bom sentido. Não me interpretem mal, mas apesar da sua excelente sonoridade, a mesma não agradou muitos dos espectadores, que, infelizmente, se começaram a afastar do palco. Uma coisa é certa, se fossem os Liquido a tocar a mesma coisa, o recinto tinha ficado ao rubro, com todos a gritar, saltar e até faziam “pseudo-mosh pits”. Mas enfim, o que é que se pode fazer?! O terceirense é mesmo assim, os de fora são sempre melhores.
Vamos agora ao momento mais esperado (por muitos) da noite, o regresso dos Lithium (TER), a banda que após algum tempo de interregno voltou em força para este festival. Com um reportório reduzido (tal como quase todas as bandas) devido à sub carga de bandas neste segundo dia de festival, os Lithium conseguiram uma actuação muito boa. Temas como “Enclosured”, “Lost Horizon” e “As Lies Unfold”, deliciaram os presentes, chegando mesmo a levantar pequenas nuvens de poeira no recinto.
No entanto, foi de lamentar que a duas músicas do fim da actuação, o Sr. técnico de som tenha resolvido “brilhar” (pela negativa), e cortou o som sem avisar nada nem ninguém, deixando a banda “pendurada” a tocar para as paredes. Nem os rapazes despedirem-se do público. Nota positiva para os Lithium e cartão vermelho para o técnico de som.
(n.r. – este incidente entre o técnico de som e o conjunto Lithium, já foi explicado numa nota de imprensa feita pelo própri

Era chegada a hora dos Peste & Sida entrarem em palco. Com 20 anos de carreira, alguns deles, essencialmente na primeira metade da década de noventa, nos top´s nacionais de vendas e com um projecto paralelo que trouxe ainda mais reconhecimento (Despe & Siga), esta banda, que esteve parada nas lides musicais durante alguns anos, voltou à carga em 2003 com alguns membros da formação original e o principal mentor e motor dos próprios Peste & Sida, João San Payo, de corpo e alma. Pela primeira vez a actuarem na ilha Terceira (estiveram como Despe & Siga em 1995, nas Sanjoaninas), os Peste & Sida entraram com uma instrumental do último álbum que serviu para adocicar o ambiente. A partir daqui foi uma hora e meia, quase toda ela, com êxitos que já são parte da história do Rock Português. Entremeando com alguns temas novos e/ou menos conhecidos do público em geral, temas como “Sol da Caparica”, “Paulinha”, “Veneno” ou “Chuta Cavalo” serviram de mote para “revirar” o Festival Abismo! Muita energia, em cima do palco e cá em baixo onde a poeira era já muita e as grades já quase saltavam, com o público efusivamente a responder à chamada da banda. Ainda houve tempo para a “Bule Bule”, tema que foi readaptado para Português pelo João San Payo e foi celebrizado pelos Despe & Siga. Muita vida, energia e boas vibrações nesta primeira presença de um dos mais carismáticos grupos Rock portugueses. Deixaram um sorriso no público e saíram, a sorrir. Um concerto a repetir!
Depois desta obra de arte e como não podia deixar de ser, foi a vez da electrónica entrar em palco. Desta vez a cargo de DJ Bruno (TER), que com uma sonoridade “old-school” house (acabei de inventar uma categoria nova), conseguiu meter o recinto aos saltos. Mas, o Dj não veio sozinho, a acompanhar a sua batida tivemos um (pseudo) MC, que quase conseguiu estragar o trabalho todo ao rapaz. Não me levem a mal, mas para se ser um bom MC não é preciso repetir a mesma frase, ou palavra, quinhentas vezes…foi um pouco repetitivo e sem “sumo” nenhum. Tirando isso, esta actuação foi muito boa.
XL Garcia (LX), o que dizer?! Nada, o homem é um “monstro dos pratos”, no seu inconfundível estilo progressive. XL Garcia levou o recinto ao auge deste festival. O mais engraçado de tudo no set foi, na segunda música, estava o XL a meter o seu som poderoso… quando… adivinhem quem aparece? É verdade! O MC sensação. Mas pronto, não chegou a falar.
17 de Setembro 2006
Este terceiro e último dia de festival foi marcado pela falta de adesão do público, pelo que o recinto se encontrava “ás moscas”, comparado com os dias anteriores. Mas não foi isso que impediu a realização do evento.
À hora marcada subiram ao palco os Amnnezia (TER), banda com uma sonoridade pop-rock muito bem conseguida, excelente voz (feminina), boa presença e atitude, alguns temas originais outros covers. Não posso falar muito mais desta banda, porque durante uma parte da actuação não me encontrava no recinto.
Chegando a casa e com a transmissão via Internet já a funcionar, tive o prazer de poder ver Othello (TER). A banda esteve muito bem, como também já nos vem habituando, com uma sonoridade alternative. Houve aquela parte em que não se percebia muito bem, na transmissão on-line, porque o cameraman parecia estar confuso com os dedos e fazia zooms excessivos, deixando-nos (web-espectadores), com a sensação de estar a andar de barco. Mas quanto aos Othello, souberam lidar muito bem com a falta de público e fizeram o seu trabalho na perfeição.
A actuação de M.A.U. – Man and Unable – (LX), provou que a banda é um aliciante projecto musical com bastante “sumo” para além do rótulo de banda comercial, com

Chegada estava a hora das surpresas do Festival, Dj´s Ishan (SMG) e ALIF (LX). Sinceramente não podiam ter escolhido melhor forma de acabar este festival!
O primeiro com um som Trance muito bem trabalhado, deixou-me de boca aberta, sempre muito activo e a saber “levar” o público para um quase “ponto de rebuçado”.
Quanto ao lisboeta, com uma sonoridade dentro do Drum-n-Bass levou a audiência ao rubro, até mesmo em casa eu estava aos saltos. Desculpem-me não aprofundar mais mas este tipo de som não é minha especialidade. Gostamos e pronto!
É também de salientar o espectáculo de pirotecnia que decorreu durante a actuação destes 2 Dj´s. Por fim – não pensem que me esqueci deles – os Dj´s/animadores Lino e João Luís (TER), que tiveram o grande trabalho de animar os presentes na Zona Chill Out, com uns after-hours muito interessantes. Muito bom, mesmo.
Em jeito de resumo, este festival teve nota positiva, em todos os aspectos e tomara que existam muito mais iniciativas destas. A única coisa que tenho a apontar é a data escolhida para o evento. 15,16 e 17 de Setembro já é muito tarde para este tipo de eventos, pelo menos aqui na Terceira. As aulas já haviam começado, muitos dos nossos estudantes universitários já cá não estavam e infelizmente há que trabalhar na 2ª feira...
Para quem quiser uma leitura mais pormenorizada deste texto, visitem http://the-couch.blog.com
in jornal "A União", 18 de Outubro, 2006
1 comentário:
antes de mais gostaria de agradeçer a oportunidade de poder escrever um artigo para o jornal :P, mas o melhor de tudo foi poder escrever sem censura, tal como as coisas aconteceram, se bem, que o texto teve que ser corrigido, para não ser tão "bruto".
a versão original do artigo pode ser vista em http://the-couch.blog.com/1167023/
Mais uma vez obrigado.
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