segunda-feira, julho 11, 2005

Stampkase vencem AngraRock 2005

Realizou-se nos passados dias 9, 10 e 11 de Junho mais um concurso AngraRock, desta vez com 7 participações da Terceira e 3 de S. Miguel a mostrarem muita qualidade e imaginação. O espaço foi mais uma vez o Centro Cultural de Angra do Heroísmo, que apesar de não ser o mais indicado para eventos Rock, ainda assim começa a habituar os amantes do género, nesta altura do ano e neste evento, à sua participação na festa. Somente dois pontos negativos tenho a apontar ao concurso deste ano: o primeiro vai de encontro aos responsáveis do som, que demonstraram uma invariável ausência no espectáculo. Por variadas vezes aconteceram acidentes no palco, durante a actuação das bandas, como suportes de bateria que caíram, microfones que começavam a decair lentamente e os elementos de palco deveriam estar distraídos porque de umas vezes foram elementos de outras bandas que saíram das suas cadeiras e foram lá resolver a situação e de outras foi preciso ir lá puxar pelos braços dos senhores para alertá-los do que se estava a passar. O vocalista dos VelvetStone, durante a sua actuação, chegou ao cúmulo de se ajoelhar para poder chegar ao microfone, que caía, sem que ninguém com a responsabilidade devida fosse lá resolver o assunto. Isto prejudica as bandas e não favorece a produção de um evento destes. O segundo ponto vai para a situação, a qual eu desconhecia, relativamente aos conjuntos que vem de fora da ilha e que não tem o mínimo apoio ao chegarem cá. Já sabia que as deslocações eram suportadas pelos conjuntos, o que não sabia era que ao chegarem à ilha não tinham nenhum apoio, nem em transporte, ou no mínimo recepção, e em estadia e orientação. Ou seja, os conjuntos deste ano chegaram ao aeroporto das Lajes sem conhecerem nada da nossa ilha nem ninguém e tiveram que se meter em táxis, com destino meio à sorte e andaram por Angra também meio à sorte à procura de um sítio para ficarem. Será esta a imagem que queremos dar? É assim que se quer incentivar projectos de outras ilhas a participarem? Julgo que um evento como o AngraRock, que tem um orçamento a rondar os 100.000 Euros, poderia no mínimo dar apoio à chegada dos conjuntos, no seu transporte e orientação na ilha. Repito, no mínimo!!!
De resto e como vem sendo hábito, o concurso primou pela boa organização e pelo empenho para que tudo corresse pelo melhor.
O júri deste ano foi presidido por Luís Varatojo, baterista dos Pólo Norte e constituído por Timothy Lima, Bruno Moniz e Kit, todos músicos e por Vanda Mendonça, Jornalista. Ao fim da segunda eliminatória escolheram os cinco finalistas que foram 4Saken, VelvetStone, Stampkase, Psy Enemy, e Penumbra. Destes cinco, deliberou o júri que em 3º lugar ficaria os Penumbra, em 2º lugar os VelvetStone e em 1º lugar os Stampkase (S. Miguel). Enquanto o júri decidia a classificação final, actuaram os Volcanik, banda vencedora da edição do ano passado. Deram um espectáculo muito consistente, que não variou muito dos dois anteriormente realizados pelo conjunto, forte, muito orelhudo, com temas compostos por linhas muito simples, a primar essencialmente pelo trabalho de bateria que parece ser a alma de toda aquela energia libertada em palco. Talvez à espera de uma consistência no que concerne ao “line up”, o conjunto não se tem apresentado ao vivo e assim ficamos à espera de novidades daquela que é considerada como uma das melhores bandas da ilha Terceira. De notar que o conjunto apresentou no final da sua actuação o seu primeiro vídeo clip, “home made”, com a participação de amigos e com ideias muito interessantes que resultaram no produto final.
Quanto ao concurso e voltando ao assunto principal deste artigo, refiro que a participação de publico nas três noites foi espectacular e prova, mais uma vez, que o Rock está aí e cheio de força. Deixo de seguida uma breve imagem, na minha opinião, do que foram todos os conjuntos neste concurso e a sua prestação. Parabéns a todos!

4Skaken
Composto por elementos experientes e muito rodados em palcos, os 4Saken mostraram um som muito interessante, ora melodioso, ora pesado, variando com a uma voz segura e alguns momentos técnicos de salientar. A presença em palco do guitarrista solo ajudou em muito à energia que era transmitida ao público e conseguiram passar à final. No segundo dia não tiveram uma actuação tão bem conseguida, mas deixaram uma excelente impressão e vontade de ver uns 4Saken mais bem ensaiados e com a mesma energia que inauguraram este concurso. Espera-se continuidade.
Amnnezia
Com uma sonoridade mais virada para o Pop Rock, este conjunto demonstrou qualidade, essencialmente nas linhas de baixo e bateria. As vocalizações necessitam de mais trabalho, o que não denegriu a sua actuação, ainda assim não se notou um completo à vontade dos elementos, sendo talvez só uma questão de tempo para que consigam transmitir os seus sons e sentimentos de um modo mais claro. Não passaram à final, mas ficou presente a existência de mais um bom conjunto a explorar.
VelvetStone
Já conhecidos dos Terceirences, este grupo apresentou-se com muita garra neste concurso e apesar da relativa simplicidade da sua composição, ninguém fica indiferente ao som pesado e sombrio que carregam. Com um guitarrista novo na formação, talvez fosse de esperar mais alguma frescura nas suas musicas, o que não se verificou, ainda assim, foram consistentes o que lhes levou à final e a arrecadarem a 2º posição final, sendo a banda Terceirence melhor classificada. Talvez à espera de melhores dias, depois de tempos algo conturbados no seio do conjunto, este poderá ter sido um incentivo a fazerem mais e melhor, provando no entanto que são um nome a ter em conta.
Sodium
Os Sodium não tiveram uma actuação brilhante, apesar de se notar muita energia em palco e alguma cumplicidade entre os elementos. Com um som Rock com muitas quebras seguidas de picos vertiginosos, o conjunto não surpreendeu e talvez por isso não tenha passado à final. Nota positiva para o vocalista, que apesar de “lesionado” e de ter que tocar sentado, acabou por ser o mais irrequieto em palco e o mais interessante musicalmente.
The Punkrias
A única banda Punk a actuar neste concurso demonstrou muita imaturidade e falta de ensaio. Apesar dos “riff´s” interessantes, não souberam transmitir as suas ideias, sendo que havia alguma falta de coordenação entre bateria e baixo. Não passaram à final, mas para quem teve neste praticamente o seu primeiro concerto ao vivo, demonstraram coragem e vontade de continuar. Com tempo tudo se resolve.
Stampkase
A primeira banda micaelense a actuar neste concurso, trouxe muita garra e um som muito pesado na onda Metal Core, que está muito na moda. Dois excelentes vocalistas, dentro do género, uma guitarra muito pesada e trabalhada e uma secção rítmica muito interessante e coordenada, tudo resultou em 3 temas demolidores que os levaram à final e a sagrarem-se vencedores deste AngraRock, o que prova que a música pesada também tem lugar entre os melhores. Muita presença em palco e de olhos fixos no público, foi no entender do júri a melhor banda presente nas duas noites. Parabéns.
Psy Enemy
Outro conjunto do mesmo género do anterior, mas este só com uma voz, também conseguiram mostrar muita cumplicidade e excelente presença em palco. Nota mais que positiva para o baixo e bateria, talvez os melhores sectores desta banda que apesar de ser muito pesada, de quando em vez rasgava com melodias cativantes. Passaram à final embora não acabassem nos 3 primeiros. Mais um conjunto de S. Miguel a mostrar muita maturidade e a alertar para o facto de também lá se fazer bom som.
Al-Maçã
Apesar de não ser uma banda Rock, os Al-Maçã apresentaram-se novamente neste concurso, se bem que este ano com um som muito mais cativante, devido à inclusão de uma bateria no line up. Não pareceu existir uma ligação entre os elementos, que não estavam à vontade em palco e isso notou-se nas suas músicas. Não foi de resto um som muito cativante, talvez também por isso a final não foi um objectivo alcançado.
Crossfaith
Mais uma banda micaelense e mais um som extremamente cativante. Muito bem trabalhado a nível de bateria, guitarra, baixo e teclas, o conjunto só pecou nas vocalizações que eram realmente de fraco nível. Se tivessem apresentado aqueles três temas só na parte instrumental, talvez arrancassem mais aplausos. Não passaram à final e devem ter ido para casa com a noção que uma banda com aquela qualidade, merece um vocalista com muita qualidade. E ai sim, teríamos tido um excelente conjunto.
Penumbra
Veteranos em participações no AngraRock, os Penumbra foram sem dúvida das bandas que mais surpreenderam na edição deste ano. Com a inclusão de teclas, o conjunto ganhou e de que maneira! O ultimo tema apresentado é fabuloso e veio aliviar um pouco aquele rol de temas variadas vezes tocados e que necessitavam de um pouco de ar fresco. Foi bom ouvir um tema novo dos Penumbra e notar que as teclas fazem desta uma banda diferente e mais competitiva. Passaram à final e apesar de a segunda actuação não ter sido tão feliz como a primeira, arrecadaram o 3º lugar, merecido.


in jornal "A União" de 15 de Junho de 2005

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