quarta-feira, março 14, 2007

Compilação Punk - Ataque Frontal

Texto - Miguel Linhares

Já foi lançado no mercado há 1 ano atrás, mas pretendo agora deixar uma opinião sobre este CD aqui neste espaço. Iniciativa da Impulso Atlântico (associação de jovens terceirenses com intuito de promover e desenvolver a música alternativa) a compilação nacional de punk/hardcore “Ataque Frontal” conseguiu juntar 50 das melhores bandas do género em Portugal, entre elas, as grandes referências Peste & Sida, Mata Ratos, Crise Total, Tara Perdida e Acromaníacos, mas também os novos valores como Easyway, TwentyInchBurrial, For the Glory ou If Lucy Fell. O cliché “Punk´s not Dead” parece ter alguma razão de ser, embora o verdadeiro espírito vivido na década de 70 já não seja o mesmo, nem poderia, os tempos evoluem, as ideologias também!
Aqui, somente, tem-se o cuidado de trazer um pouco de tudo ao público, mostrando novos valores, entremeio de clássicos, letras que já estão decoradas, outras que começam a impor-se. “Ataque Frontal” deverá ser a melhor compilação de punk/hardcore em Portugal, pelo menos a mais bem conseguida, em quase todos os aspectos. Completa, como deve ser uma obra do género, acaba por se tornar numa pequena biblioteca do que de melhor e diferente se faz – e fez – num país que tem muita história neste tipo de bandas, mas que pouco se sabe. Ou não fosse este um género virado para os meios underground e nunca para as massas consumistas e influenciáveis.
Angra do Heroísmo, parece cada vez tornar-se mais na capital açoriana do punk (embora muito generalizado). Aqui neste disco, temos oportunidade de ouvir três bandas terceirenses, cada uma na sua vertente e provando que nas ilhas também se cria e que também se tem ideias.
Dêem uma espreitadela nesta iniciativa, não se vão arrepender. (www.impulsoatlantico.com)

in jornal "A União", 14 de Março, 2007

Goma - Pop-Rock e qualidade...

Como não tive oportunidade de estar presente nesta estreia ao vivo dos Goma, e depois de ler a excelente crítica sobre o evento, da autoria do Miguel Azevedo, pedi-lhe a devida autorização para publicar aqui o texto por ele produzido. E acho que fica tudo dito. Muito bem dito…

Texto – Miguel de Sousa Azevedo (www.portodaspipas.blogs.sapo.pt)
Sábado à noite e não podia faltar à apresentação dos GOMA. Cheguei na terceira música e logo me apercebi que havia "sumo" espremido daquelas malhas e acordes. Nuances de outros tempos visíveis às quais fiz uma interpretação muito pessoal. Impossível de dissociar do som da nova banda é o timbre do "ex-Sobredotados" (ou melhor, actual, que eles ainda existem nos nossos corações...) Agostinho Leão, agora com um registo firme e decidido, e incorporando nele palavras comuns a um sentimento conhecido. A nostalgia transpira nos GOMA, a interacção dos músicos parece ter uma cadência muito lógica e as coisas saíram mesmo muito bem. Não sou eu quem o diz, são as muitas pessoas que acorreram ao convite... A segunda voz do Paulo Sousa entrou muito bem nas tramas do Pop esclarecido e os solos suaves do João Pedro espaçaram bem as diferentes fases de cada poema cantado. O Chico Sales confirmou ser um baterista de referência, com uma batida decidida e os arredondados necessários, assim como se notou eficácia na marcação do baixo do vocalista. Em termos de apreciação (e já que vou em jeito de crítica musical-para a qual não tenho nem jeito nem engenho...) global, não deixei de "sentir" os "Sobredotados" da minha (já) saudosa juventude, apanhando aqui e ali o mesmo sentido semântico que na altura granjeou sucesso. Influências dos "Clã" e dos "Ornatos Violeta" são sinónimo de bom gosto e garantias de inovação. Acho que podem crescer muito estes GOMA. Dei-lhes os parabéns pela boa estreia, fiquei orgulhoso de ali estar, vi gente da música e gente de quem tinha saudades. Quero vê-los de novo, com mais espaço e mais som...

in jornal "A União", 14 de Março, 2007

AngraMusic Agency com Luís Alberto Bettencourt

É a ultima novidade da terceirense AngraMusic Agency.
Luís Alberto Bettencourt, um dos músicos mais respeitados no panorama musical açoriano, autor de temas como a “Xamateia”, “Vapor da Madrugada, “Sempre que cai uma estrela” e “Lua da minha terra”, assinou contrato de gestão de carreira e agenciamento artístico com a empresa Angra Music Agency, sendo agora representado em exclusivo por esta agência com sede em Angra do Heroísmo. "D' Azul e Negro", é o seu mais recente trabalho editado. Músicos nacionais e estrangeiros associam-se ao compositor numa viagem povoada de imagens poéticas e envolvidas por uma atmosfera sonora repousante e apetecida, onde os sons acústicos são predominantes.

terça-feira, março 13, 2007

A época produtiva aproxima-se!

Texto - Miguel Linhares

Sempre que chega esta altura do ano começa-se a falar desta ou daquela banda, deste ou daquele concerto. O sentimento invernoso começa a abandonar-nos e já começamos a pensar no verão que se aproxima a passos largos. É nesta altura do ano que a música na nossa região floresce, embora modestamente, como se sabe.
De ano para ano são muitas as promessas, as tentativas e as boas vontades em realmente dar um lugar de destaque aos nossos artistas e criadores, mas poucas são essas iniciativas que vingam e revelam-se produtivas. Sei disso porque estou atento e dentro deste meio há quase quinze anos, tempo suficiente para perceber a milhas de distância as virtudes e defeitos da nossa política e boa vontade cultural. Hoje em dia, embora esteja a tentar ter um papel mais activo e eficiente nesta matéria, ainda são várias as vezes em que me coloco como mero espectador e apreciador. É aí que se constroem as boas críticas!
Espero que este ano de 2007 seja realmente mais amistoso para com as nossas bandas e que lhes faça as devidas vénias pelo esforço de fazerem algo por amor à camisola, com muitos sacrifícios – umas vezes pessoais, muitas vezes profissionais – e tentarem, para além alimentarem o seu gosto por esta arte, enriquecerem a nossa cultural alternativa e urbana regional.De minha parte e já muito em breve começarei com esse trabalho! Não revelo mais aqui, porque este não é o espaço próprio para promoção dos meus intentos. Não quero e não posso fazê-lo. Mas digo isto só para que se saiba que por mais pequeno que seja o passo, esse será dado e se todos se unirem nessa intenção, todos ficarão a ganhar. Podemos levar a música terceirense mais longe, podemos expô-la mais e podemos fazer da Terceira uma ilha com interessantes movimentações multiculturais, neste caso com foco na música. E como já disse aqui, desta certeza ninguém me demove!

in jornal "A União", 09 Março, 2007

O regresso - Lithium

Texto e Foto - Miguel Linhares

Já com dez anos de existência, são uma das bandas mais originais dos Açores, embora sem entrarem em virtuosismos nem rituais comerciais. Mantêm-se underground e durante o último ano e meio mantiveram-se parados, excepção feita à brilhante reaparição e presença no Festival Abismo ´06.
O Musicofilia soube, em primeira-mão, que a banda vai-se juntar este ano ocasionalmente para alguns concertos, caso apareça essa possibilidade e com a sua formação original. Para as muitas pessoas que comparecem nas suas actuações ao vivo, esta deve ser uma boa notícia.
Mais ainda se pode dizer, que a banda vai lançar até ao final do ano o seu prometido Demo CD! Cozinhado á algum tempo, por problemas técnicos e alheios à banda não foi possível trazê-lo à luz do dia, algo que agora a banda vai decididamente fazer.
São boas notícias para o conjunto e os seus fãs, mas também para a música regional que vê assim o ressurgimento de um dos projectos mais interessantes de rock destas paragens.
Mais novidades em breve.

in jornal "A União", 09 Março, 2007

A preparar tour - Strëam 2007

A banda terceirense tem sido notícia quase todas as semanas aqui no Musicofilia e sempre pelas melhores razões! Desta vez merecem, mais uma vez, espaço aqui neste jornal, depois de terem sido anunciadas no site oficial do grupo duas datas já para este ano, embora nenhuma ainda seja relativa à Terceira. Deste modo, está confirmada a presença do conjunto dos Altares no dia 19 de Maio na Semana da Juventude de Pedro Miguel, na ilha do Faial e no dia 5 de Julho na Semana Cultural de Velas em S. Jorge. Dois concertos importantes para os Strëam a nível Açores.

sábado, março 03, 2007

Passaram 20 anos. Zeca Afonso ainda vive!

Texto - Miguel Linhares

No passado dia 23 de Fevereiro fez 20 anos que Zeca Afonso partiu, com aviso prévio, pois a doença consumia-lhe lentamente (lembrei a data aqui no blog).
Nessa altura, em 1987, tinha eu 9 anos. Não me lembro de ver a notícia da morte dele, acho que nem sabia quem ele era, apesar de lá em casa haver alguns discos, fotos, cartazes e outras coisas dele. Hoje em dia existem ainda mais, pois sou um apreciador, tanto do músico, como do poeta, como do revolucionário (encapotado pelas metáforas e eufemismos). Antes de mais, aprecio todos aqueles que lutaram ou eram contra o regime bafiento e fascizante de Caetano e Salazar. Em alguns casos, como o de José Afonso, a mestria literária e subtileza, faziam-no desviar-se de encontros com o “lápis azul” ou com os dedicados agentes da PIDE-DGS. Ainda assim, nem sempre se safou!
Focando só o aspecto musical do artista é por demais evidente que estamos perante um homem que vivia e respirava música de um modo diferente e muito mais sentido da maioria. Apesar do cariz revolucionário e de intervenção, ele sabia passar para o papel os sentimentos e cantava-os como ninguém. Apesar de originalmente cantar fado de Coimbra, tornou-se um marco importante da canção de revolução, da voz do contra, do anti sistema.
Tocou com muitos músicos de excelência, destacando eu, talvez, Adriano Correia de Oliveira, Vitorino, Carlos Alberto Moniz, Rui Pato e Sérgio Godinho. Entre baladas, fados e outras expressões musicais, fica o registo de “Grândola Vila Morena”, o sinal de arranque para as tropas na madrugada de 25 de Abril, a música que associamos à revolução dos cravos, um tema que nos enche a alma… mesmo que não sejamos de Grândola!

in jornal "A União", 02 de Março, 2007

A todo o gás - Strëam

Depois das notícias que davam conta de algum sucesso por outras paragens como a Austrália, Estados Unidos e países nórdicos, eis que chegam mais novidades do conjunto terceirense a partir da sua agência, Angra Music.
A banda chegou a acordo com a produtora brasileira Menom Produções, passando também agora a estarem representados naquele país sul-americano.
Depois de uma entrevista no programa da Antena 1, com João Goulart no programa “Á Noite”, no passado dia 14 de Fevereiro e de uma notícia no “Açoriano Oriental” sobre o contracto firmado com a editora norte americana "Cutie Pop Records" e uma pequena entrevista ao vocalista de Strëam, Toni, eis que vão estar presentes, através do seu baixista Eddie, no programa da RTP-Açores de Joel Neto no próximo dia 9 de Março.
Parabéns aos Strëam por mais este passo importante!

in jornal "A União", 02 de Março, 2007

sexta-feira, março 02, 2007

Homenagem a "Os Sombras"

Aconselho a lerem tudo... Aprendemos é com os mais experientes!

A INAUGURAR EM MAIO PRÓXIMO -
“Riviera Café” na Praia da Vitória para homenagear “Os Sombras”

Fonte - www.auniao.com / Texto - Pedro Ferreira

“Riviera Café” é a designação escolhida para o primeiro café/restaurante temático que vai abrir na ilha Terceira, o mais tardar, até ao próximo mês de Junho. No centro histórico da cidade da Praia da Vitória, o investimento do Grupo JAC (José Almerindo Costa), pretende homenagear dois símbolos praienses: a praia da Riviera e o grupo musical de sucesso das décadas de 60 e 70 – “Os Sombras”.
Vai abrir até Maio (ou Junho, o mais tardar) o primeiro café/restaurante temático da Ilha Terceira, dedicado a dois símbolos da cidade e do concelho da Praia da Vitória: a praia da Riviera e o agrupamento musical “Os Sombras”. Numas instalações adjacentes às que actualmente servem de sede à “Casa Vitória” (primeira das empresas criadas no âmbito do grupo JAC – José Almerindo Costa), ou seja, em plena Rua de Jesus, o “Riviera Café” como já se instituiu chamar (mas que vai ser restaurante), visa fazer recordar aos cidadãos das gerações de 40/50 anos de idade os tempos idos e ensinar aos mais jovens o papel dos americanos da Base das Lajes em décadas do século passado (ainda do regime salazarista em Portugal) e a história de um dos agrupamentos musicais praienses de maior nome e sucesso artístico.
No final do ano passado (em Novembro), o projecto de edificação desta pioneira iniciativa na cidade natal de Vitorino Nemésio e nas ilhas açorianas seguiu do gabinete do empreendedor para as instâncias camarárias que estudam, analisam e autorizam a construção e abertura deste tipo de infraestruturas. O projecto é da autoria de João Monjardino. José Almerindo Costa, o empresário terceirense que vai desembolsar cerca de 300 mil euros para abrir este novo restaurante na Praia da Vitória, afirmou ao suplemento “Negócios” que a ideia surgiu nas últimas festas concelhias da Praia da Vitória.“Já estava há, pelos menos, dois anos a ponderar o que fazer naquelas instalações, quando nas festas da Praia do ano passado, mais concretamente, no dia em que actuaram “Os Sombras” (no tributo que lhes foi prestado pela comissão das festividades), os irmãos Costa da Foto Íris, o Fausto e o João, lançaram a ideia de se abrir um espaço de homenagem ao grupo”. Ora, a ideia parece que caiu bem junto deste empresário de renome na ilha Terceira, pelo que, depois de uma intensa meditação e estudo de mercado se decidiu avançar para o projecto de abertura de uma espécie de “Hard Rock Café”.

“Completamente diferente”

Em traços gerais, nas antigas instalações da “Casa Vitória” (edifício que faz esquina entre a Rua de Jesus e a Praça Francisco Ornelas da Câmara), o espaço de dois andares vai servir para “nascer algo completamente novo nos Açores”, assegura o empresário. O gerente do Grupo JAC afiança que o recinto “vai seguir o estilo gastronomia com música, um conceito que já se vê muito em Nova Iorque (EUA) ou no Rio de Janeiro (Brasil)… vai ser muito semelhante ao Hard Rock Café, em Lisboa”. Assim sendo, mediante 300 mil euros de investimento e a criação de duas dezenas de novos postos de trabalho, José Almerindo Costa frisa que o espaço vai ter duas salas (uma, num piso superior, com capacidade para 150 pessoas e outra, num piso inferior, com capacidade para cerca de 60 pessoas) completamente decoradas com a história d’ “Os Sombras”, desde fotografias, instrumentos musicais, quadros, entre outros aspectos.
O empresário, levantando um pouco do véu, diz à nossa reportagem que “para além de muitas fotografias, daquelas décadas, que nos têm enviado, já temos, também, a viola-baixo com que o KiKo tocou durante vários anos e espectáculos”. Desde pessoas amigas “a gente que não conheço, têm-nos enviado um pouco de tudo”.

“Outro tipo de oferta”

Para além dos restaurantes “O Pescador” e “A Caravela”, assim como o “Holy Mugs”, o empresário terceirense assegura que o “Riviera Café” surge porque “sentimos a necessidade de apresentar outro tipo de oferta”. Sintetizadamente, neste novel espaço praiense “os pais vão poder ir com os filhos jantar, ao som de música de outros tempos”. “Os Sombras” serão, de facto, os cabeças de cartaz do edifício, onde se pretenderá, igualmente, lembrar as duas primeiras e únicas edições do “Festival Musical Açores”, que, logo após o 25 de Abril de 1974, revolucionou a sociedade terceirense, nos areais da Riviera. Para quem está lembrado do que foram estes certames, o “Riviera Café”, do Grupo JAC, será um espaço de agradável convívio, até porque para além das músicas nas colunas, os próprios empregados poderão cantar com os clientes, entre outras novidades que estão a ser ultimadas.
O restaurante em si tem por objecto o trazer para a ilha Terceira um estilo que está em crescendo um pouco por todo o mundo desenvolvido, sendo, por isso, um espaço onde, para além do junk-food haverá também as variedades do fast-food. Tudo isto porque “recodar é viver” - já dizia o poeta. Para já, o empresário praiense quer recordar a viver, os tempos em que na ilha Terceira já se bebia coca-cola e enchiam de ketchup as batatas fritas, quando no resto do país tais produtos eram proibidos pelo regime ditatorial (mas os terceirenses contavam com os norte-americanos já estacionados nas Lajes).
“Riviera Café”, em breve, com “Os Sombras” perto de si.