quarta-feira, março 29, 2006

Mais uma vez não vi Soulfly ao vivo!

Texto - Miguel Linhares / Foto - Popline


Max Cavalera
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Quem me conhece bem, sabe que adoro Soulfly e Sepultura (de 1988 a 1996), mas embora me identifique na perfeição com os sons que estas bandas produzem, cada uma ao seu estilo, e com as letras e mensagens, o que mais me fascina é a figura que está por detrás destes dois êxitos do mundo do Metal: Max Cavalera. Desde que conheci Sepultura – por volta de 1992 deram-me uma cassete “ranhosa” do “Arise” – que fiquei a adorar aquele som. E na altura só ouvia, basicamente, bandas como Accept, King Diamond, Metallica, Helloween, Guns n´Roses, Def Leppard… no entanto aquilo cativou-me. Pouco tempo depois saiu ao mundo o “Chaos AD”, uma obra-prima no Metal mundial e mais ou menos nessa altura comprei a biografia do grupo e foi ai que realmente fiquei a respeitar imenso aqueles quatro indivíduos. Saber que quatro putos pobres – quer dizer o baixista vinha de famílias abastadas – que andavam descalços nas favelas de Belo Horizonte, no Brasil, teimaram que um dia iam tocar num grupo e fazerem vida disso e ser esse o seu sustento… e depois acompanhar, página por página, as peripécias por que passaram, durante todos aqueles anos até chegarem onde tinham chegado…uma das bandas mais bem sucedidas do mundo metaleiro! Só aqui é que comecei a “perceber” as letras que o grupo fazia, mas essencialmente quem era aquela pessoa, o Max, homem que mais tarde abandonou esse projecto de longa data e formou os Soulfly, uma banda mais superficial a nível musical, mas muito mais profunda a nível lírico. Como alguém disse uma vez: “O que é difícil não é escrever muito, é dizer tudo escrevendo pouco.”. Ele consegue isso! Quem conhece a história de vida dele e acompanha a sua carreira há 15 anos, como eu, não ouve só meia dúzia de frases raivosas e palavrões! Ouve a voz de alguém que sofreu e vai sofrendo com o mundo… e com o “seu” imensamente injusto e corrupto Brasil.No passado fim-de-semana, os Soulfly estiveram em Portugal e mais concretamente no domingo no Hard Club, em Gaia. Como já é regra em concertos grandes, tenho sempre amigos que me ligam e acabo por ouvir – entre as limitações das ligações móveis – uma ou duas músicas de concertos que não tive oportunidade de lá estar. Um em especial que me tinha marcado muito até hoje – entre várias dezenas – foi um telefonema a partir do concerto de Iron Maiden, em Lisboa, há um ano ou dois, em que ouvi na integra o “The number of the beast”. Desta vez marcou-me mais! Ouvi o “Refuse/Resist cantado pelo Max Cavalera e ainda a música “Fire” do primeiro álbum de Soulfly. E mais uma vez eu estive lá, sem na realidade lá estar! Obrigado aos camaradas que me ligaram a partir do concerto!!!

in jornal "A União" de 29 de Março de 2006

quarta-feira, março 22, 2006

Mini-Tour nacional - Resposta Simples

Os Resposta Simples, grupo de Punk/Hardcore terceirense, mudaram o seu “quartel-general” para o continente desde que todos os seus membros foram para lá viver por motivos académicos. Isto teve repercussões positivas no grupo, visto serem muitas mais as oportunidades, os concertos, o publico… e o grupo tem tido noção disso e tem aproveitado essa mudança. Muitos foram os espectáculos nos últimos tempos e derivado da compilação de Punk Rock, a nível nacional, que vai ser lançada em breve, esta tournée tem todo o sentido. A compilação será lançada pela Impulso Produções – da qual eles também fazem parte – e será a mais completa compilação deste género musical jamais feita em Portugal. Contará com 50 bandas nacionais, sendo três terceirenses e uma delas, eles próprios, os Resposta. Esta tournée será feita com bandas que entrarão na compilação “Ataque Frontal”e também servirá para a promoção da mesma. Sendo assim e já confirmadas estão as seguintes datas:Dia 25 Março em Torres Novas com Raivel e Cirrose; dia 31 com Freedoom e Fitacola no Porto Rio; dia 1 Abril com TwentyInchBurial, For The Glory, SpellBound e Set It Off em Viseu, na Escola Secundaria Viriato e no dia 8 com Mata-Ratos, Fitacola, White Lie, Coiratos Violentos e Decreto 77, em Coimbra, no Centro de Celas. É muito Punk!!!

Um ano de actividade - Metalicidio de parabéns!


Cartaz Metalicidio
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Já com um ano de existência, o website Metalicidio.com, site dedicado na íntegra à música de peso regional, promove um convívio para celebrar o seu primeiro aniversário. O Metalicidio é já conhecido não só pela incessante tentativa de auxiliar as bandas açorianas a levarem o seu trabalho além fronteiras como também pela organização de eventos como o Concurso Guitarrista Metalicidio. Desta vez o evento promovido terá um carácter mais “pessoal e intimista”, como afirmam João Arruda e Rui Melo, mentores deste projecto. Trata-se de um pequeno convívio, a ter lugar no Bar PDL, no dia 11 de Abril (terça-feira), onde se poderá ouvir muito rock e metal pela noite dentro, havendo maior incisão, claro está, nos trabalhos das bandas regionais. Para além da boa música ao som do qual os utilizadores e simpatizantes do site e amantes da música de peso em geral poderão conviver, ocorrerão ao longo da noite diversos sorteios tal como o de bilhetes para o grandioso festival Super Bock Super Rock, que este ano conta com grandes nomes como Deftones, Tool, Korn, Within Temptation e Moonspell. Sortear-se-ão ainda CD’s gentilmente oferecidos pela editora nacional Nemesis, CD’s de bandas açorianas e ainda duas t-shirt’s e uma hoodie oficiais, cortesia da Licensed Merchandise Mania.Este evento contará também com um espaço dedicado à fanzine Sound(/)Zone que assinala este ano 3 anos de existência e tem revelado também um acentuado esforço em difundir o metal na nossa região. A zine, que de momento se encontra provisoriamente disponível apenas no seu blog na Internet, disponibilizará nesse dia todos os seus antigos números para venda a um preço simbólico.O evento terá lugar a partir das 22:30.

sábado, março 11, 2006

Assim é a nossa gente...

Texto - Miguel Linhares

No site do jornal Açoriano Oriental, noticia do dia 10 de Março pode ler-se o seguinte:

"Uma campanha de sensibilização ambiental na vila piscatória de Rabo de Peixe, que arranca hoje, vai permitir a troca de caixas de transporte de pescado abandonadas por uma embalagem de um litro de leite. A iniciativa enquadra-se nas actividades do projecto "Velhos Guetos, Novas Centralidades", que conta com fundos do Instrumento Financeiro do Espaço Económico Europeu e que prevê investimentos de 23 milhões de euros na vila da ilha de São Miguel nos próximos anos.
A gestora do projecto, Piedade Lalanda, justificou a necessidade da campanha com a existência na vila de uma série de caixas de transporte de pescado abandonadas.
Quem entregar uma caixa de transporte de pescado recebe em troca uma embalagem de litro de leite explicou Piedade Lalanda, adiantando que existem cerca de mil litros para o efeito.
A responsável sublinhou que as escolas da vila já "abraçaram" a campanha, uma vez que os alunos vão colaborar todas as sextas-feiras na entrega das caixas, revertendo para os estabelecimentos de ensino as embalagens de leite.
A campanha vai decorrer até final de Março e Piedade Lalanda lembra, ainda, que de segunda a quinta-feira, qualquer pessoa pode participar nesta iniciativa.".

No mesmo jornal, mas no dia 11 e em edição impressa, vem um artigo com o titulo "Campanha de recolha polémica em Rabo de Peixe", e no terceiro parágrafo tem duas frases que resumem a razão da polémica, mas também a cabecinha da nossa gente...

" Uma troca que os habitantes da vila encaram mal, por considerarem tratar-se de uma "esmola". Trocar caixas por pacotes de leite é "falar mal de Rabo de Peixe, as crianças não estão a morrer á fome aqui", diz José Elísio. Outro popular, um jovem, admitiu mesmo que se a troca fosse por álcool era ele que se deslocava á rocha para ir buscar as caixas...".

Sem comentários...

Sanjoaninas dão voz ao povo!

Texto - Miguel Linhares

Quem acompanha regularmente os meus rabiscos, tanto aqui no jornal “A União”, como no meu blog (www.musicofilia.blogspot.com), lembra-se de no principio do mês de Fevereiro ter escrito um artigo, nesta mesma coluna, sobre o cartaz musical das festas Sanjoaninas (se não o leram, podem fazê-lo em http://musicofilia.blogspot.com/2006/02/sanjoaninas-2006j-levantam-o-vu-ao.html#links). Na altura não comentei muito os artistas já escolhidos, excepção feita ao caso do Boss AC, e nem o farei ainda por ser muito cedo. Escrevi também que seria uma boa ideia colocar um questionário ou uma votação on-line no site das festas, para que os visitantes e assíduos frequentadores das mesmas pudessem dar a sua opinião sobre quem gostariam de ver actuar ao vivo. Como se sabe, os artistas são sempre escolhidos pela organização das festas e não me lembro de nenhum ano que a opinião dos angrenses e demais terceirenses fosse ouvida nessa matéria. Alias não é obrigação de nenhuma organização de festas ouvir a opinião do povo, fá-lo se assim entender e isso poderá beneficiar as festas com uma aprovação mais consistente.
Pois este ano e no seguimento dessa minha ideia exposta aqui neste jornal, os terceirenses poderão dar a sua opinião nessa matéria. Desde o dia 1 de Março que está disponível uma sondagem no site das Sanjoaninas, que pergunta “que banda nacional gostaria de ver nas sanjoaninas 2006?”. Ao entrar no site, abre-se uma janela “pop-up” com a referida sondagem e estará disponível até ao ultimo dia deste mês, consequentemente a banda mais votada, em principio e se possível, será uma das escolhidas para encabeçar uma das noites das maiores festas açorianas.
Sanjoaninas preparam programa Posted by Picasa

Agora não existe desculpa, se realmente existe algum conjunto que gostariam mesmo de ver ao vivo e na nossa cidade, está aqui a oportunidade de darem a vossa opinião e fortalecerem-na com a vossa votação! Se vos estão a dar voz, utilizem-na da melhor maneira, afinal e como costumo dizer, estas festas são nossas, para nós, mas também devem ser feitas por nós. Façam uma visita a www.sanjoaninas2006.com e marquem presença. Eu já o fiz!

in jornal "A União" de 08 de Março de 2006

Ad Infinitum - Banda sonora por Enuma Elish

O Teatrinho – Espaço de criação, produziu recentemente uma curta-metragem intitulada “Ad Infinitum”, que foi realizada por Rogério Sousa e Tiago Castro. Todas as filmagens e a realização centraram-se na cidade de Angra do Heroísmo, para além de todo o elenco, participantes e colaboradores serem locais. A banda sonora desta curta-metragem, também foi produto de terceirenses, neste caso do grupo Enuma Elish, um dos grupos mais antigos dos Açores ainda em actividade. Poderão apreciar o trabalho desta grande banda Angrense, assim como o trabalho cinematográfico de “Ad Infinitum”, que estará em exibição nos dias 8, hoje, e 15 de Março, ás 20:00 no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, com entrada livre.

in jornal "A União" de 08 de Março de 2006


Cartaz Posted by Picasa

sexta-feira, março 03, 2006

Por falar em covers... Grupo Terceirense de covers, antes da actuação


Membros honorários da Associação de Gajos Fixes Posted by Picasa

A opção de tocar “covers”.

Desde o final dos anos 80, princípios de 90, que na ilha Terceira inúmeras foram as bandas que tocaram “covers”, optando por nunca fazer originais, outras foram as que fizeram algumas originais, mas regra geral, todas começaram as suas caminhadas com versões de temas conhecidos de todos. Além de ser um modo imperioso de ganhar experiência, não só ao vivo, mas em ensaio também, ajudava a cativar publico e dava-lhes mais amadurecimento para comporem os seus próprios temas. Alguns grupos actuaram vários anos e nunca apresentaram um tema original, fazendo-se de meros “copiadores” – o mais fieis possível – dos temas que todos conheciam e cantavam.
Nos dias de hoje já se nota mais audácia e atrevimento, pelo que mais facilmente um grupo começa a dar-se a conhecer com temas originais, mas ainda prevalece aquele velho hábito de fazer as “covers”. E sinceramente, acho isso importante para um conjunto que quer aprender a sê-lo, na verdadeira essência da palavra. Aqui em S. Miguel, não só o meio é caracterizado por sonoridades completamente diferentes das nossas – muito mais agressivas e diga-se, na generalidade menos melódicas e exploradas – como existe a tendência para não fazer “covers”. Os grupos gostam de apresentar trabalhos seus, composições da sua autoria e nada mais. Esta irreverência tem o seu lado positivo, pois muitos destes grupos são contemplados com muita qualidade e tem como marca própria…o seu som. Prova disso foi – depois da vitória – a prestação dos Stampkase no AngraRock 2005. Um pouco mais discutida, mas com igual valor, foi a mesma vitória e prestação dos Hiffen, no mesmo festival, mas em 2003. Se calhar antes de 2003 e já depois de termos tido vários concorrentes micaelenses a actuar no AngraRock – incluindo os Dark Emotions, que arrecadaram o 3º lugar em 2000 – ninguém achava possível um grupo micaelense ganhar na realidade um concurso em Angra do Heroísmo…
Ainda assim, se é importante tocar temas de outros grupos e, deste modo, encher mais facilmente qualquer recinto, também é verdade que com persistência e alguma inclinação para a música, consegue-se o mesmo efeito com temas originais e desde muito cedo deixar bem vincado o cartão de visita do conjunto. Não obstante o facto de isto ser uma realidade é agradável quando alguns músicos decidem juntar-se unicamente para tocarem “covers”, é bom ver a garra com que o fazem. Uns melhores que outros, musicas melhores que outras, mas com o espírito que é comum a todos os amantes de Rock…

in jornal "A União" de 02 de Março de 2006

No bar PDL - Kovers fazem vénias ao metal

Nos últimos três anos um conjunto de músicos em S. Miguel veio dedicar-se exclusivamente á apresentação de “covers”, projecto intitulado Undercovers e que recentemente fez duas actuações no bar PDL, em Ponta Delgada, uma em Outubro, outra em Dezembro. Talvez no seguimento da boa aceitação a este projecto por parte dos micaelenses, outro grupo de jovens, estes menos experientes e mais novos, juntou-se com o mesmo intuito e fizeram a sua apresentação no passado dia 23 de Fevereiro, também esta no bar PDL e desfilaram temas mais que conhecidos dos amantes de metal.
Ao primeiro olhar dirigido ao cartaz, parte-se do princípio que este grupo sabe o que está a fazer e não vai deixar créditos por mão alheias. Propõem-se a interpretar temas de Machine Head, Fear Factory, Lamb of God, Sepultura, Soulfly, Metallica e One Minute Silence, entre outros, sendo os executantes mais ou menos conhecidos entre o meio musical local.
Kovers intrepretaram alguns clássicos Posted by Picasa

Deste modo, Filipe Vale na voz, Luís Silva e Fábio Amaro nas guitarras, Ricardo Conceição no baixo e João Freitas na bateria, abrem a noite com um tema de Lamb of God, muito bem executado e deixando logo patente que o conjunto estava ali não só para entreter, mas também para convencer. Aquecendo os presentes no bar PDL, que estava a “meia casa”, os Kovers ofereceram “Duality”, Slipknot, “Primitive”, Soulfly, “Roots”, Sepultura, “The blood, the sweat, the tears”, Machine Head e “Fuel”, Metallica entre mais uns poucos temas conhecidos. Neste repertório fica a pecar o tema de Metallica escolhido para actuação, não só porque não é dos melhores temas do grupo, mas porque a versão apresentada deixou um pouco a desejar. Muitos outros clássicos do conjunto poderiam ter sido escolhidos para dar mais peso e entusiasmo á noite.

João Freitas, o melhor nesta noite! Posted by Picasa

Tanto neste tema, como em qualquer um dos outros – e de realçar os de Lamb of God – supremacia notória do baterista, João Freitas, que mostrou uma grande mestria e técnica no seu instrumento. Um dos melhores bateristas da região actualmente, com certeza! Aspectos menos positivos, talvez o facto do registo vocal de Filipe Vale não ser muito indicado para alguns dos temas, sendo notório nos temas “Fuel” de Metallica e “Duality” de Slipknot (neste ultimo o refrão foi cantado uma oitava abaixo). Apesar de se exprimir muito bem nas linhas mais “raivosas”, falhou nas tonalidades mais agudas e que obrigavam a uma voz limpa de ruído. Apesar disso, acabou por ser o mais enérgico durante a actuação, pois o conjunto agarrou-se muito ao chão e não se deixou levar pelo contágio dos “riff´s”. As guitarras apesar de um pouco perdidas – o que em bares pequenos é fatal quando os músicos não regulam bem os seus amplificadores – representaram muito bem o seu papel e pouco há a apontar nesta matéria. As linhas de baixo fundiram-se na perfeição com a já falada excelente prestação da bateria, formando uma secção rítmica muito consistente. No final todos pareciam satisfeitos com esta noite dedicada ao metal, também, se calhar, já a pensar na próxima oportunidade para sair de casa e ouvir sons como este, diferentes. Os espaços nocturnos teimam em apostar em sonoridades banais, comerciais demais e ao mudarmos de um para o outro, vamos ouvir mais do mesmo. O bar PDL tem vindo a apostar tenuemente em eventos deste género, o que é de salutar e espera-se que continue. Parabéns aos intervenientes, inclusive ao publico que participou positivamente na festa.

in jornal "A União" de 02 de Março de 2006

A pirataria e a sua influência no mercado musical.

Não sei até que ponto concordo com o processo que os Metallica impuseram ao Napster há uns anos atrás e que veio modificar um pouco o vício dos downloads na Internet… Neste assunto somos todos – utilizadores da World Wide Web – culpados. Acho que ninguém escapa, mas apesar de em muitos os casos não ser legal, traz-nos mais conhecimento e faz-nos possuir álbuns ou músicas que se calhar nunca compraríamos. Afinal, é a cultura toda ela exposta e passível de ser guardada no nosso computador. Por exemplo, gostamos de duas ou três músicas de um CD, não necessitamos de comprar o CD e dar um balúrdio por um disco que vamos ouvir poucas vezes e nem apreciamos metade do seu conteúdo! Obtemos somente aquelas que nos interessam por preços muito reduzidos ou inexistentes. A culpa aqui também é de toda a indústria por detrás da música que aplica valores exorbitantes no preço de venda ao público, tendo em conta que um CD assim que está pronto para ser posto à venda, teve um custo de produção a rondar os 4 euros, mas acaba nas prateleiras das discotecas por valores a rondar os 18, 22 euros. Abusivo, no mínimo. Isto em Portugal, porque por exemplo um CD nos Estados Unidos tem um preço médio de 13 Dollars e tendo em conta que esse valor é o valor médio que um Americano aufere por hora, nunca poderá ser comparado aos valores Portugueses, pois acredito que poucos são os que ganharão 20 euros por hora…
Daqui advêm o facto de nos últimos anos os downloads, legais e ilegais, passassem a ser hábito em todo o mundo, mas em países como o nosso quase uma regra. Mas se nos pusermos no outro lado do negócio, ou seja, imaginem que são músicos e acabaram de editar um álbum novo, esse é o vosso trabalho e dos valores obtidos nas vendas do disco advirá parte do vosso sustento. Aqui não sei até que ponto será justo para um músico saber que o seu trabalho pode ser descarregado sem controlo nenhum na Internet e que isso espelhar-se-á nos fracos valores obtidos nas vendas do disco, consequentemente, baixos rendimentos, se bem que os espectáculos ao vivo sejam a principal fonte de rendimento dos artistas! É uma faca de dois gumes, pois se de um lado está-se a expor mais matéria cultural a muitas mais pessoas, por outro está-se a prejudicar as pessoas que produzem essa matéria cultural. E uma das faces mais expressivas desse dilema é a novela Metallica/Napster…

in jornal "A União" de 22 de Fevereiro de 2006