Texto - Miguel Linhares
É o que acontece mais em Portugal! Existe em todo o lado, mas no nosso país parece que crescem nas árvores. Qualquer pessoa é capaz de enumerar uma quantidade infindável de bandas e artistas que tiveram uma passagem rápida pelos airplays, tabelas de vendas e palcos. Também, assim parece, qualquer um pode ser músico e cantarolar umas linhas românticas e, na maior parte das vezes, sem senso ou qualquer tipo de mensagem construtiva, essencialmente para os jovens. Não existe qualquer tipo de amor á camisola nestes casos, havendo, isso sim, grandes máquinas discográficas, de marketing e de publicidade detrás desses artistas. Acho que á partida todos sabem que o sucesso será efémero, mas o dinheiro entrará durante algum tempo e em alguns casos criam-se actores (também à pressão) e outro tipo de pseudo artistas que nos entrarão em casa pela televisão ou rádio.
O mais engraçado – e razão fundamental para o sucesso destes artistas – é que o povo gosta! Compra, ouve, pede autógrafos e faz todo o tipo de loucuras non-sense para conseguir estar ao pé deles. Passados alguns anos nem se vão lembrar que eles tentavam cantar e compor. São estas passagens pelo mundo da música que não trazem nada de bom ao meio e fazem todos crer que este é um mundo belo, em que se ganha muito bem e vive-se com imensos fãs por todos os lados. Não sei qual será o proveito que tiram de tudo isto, para além do financeiro (provisório), mas já não existem artistas como Rui Veloso, Jorge Palma, Xutos & Pontapés…independentemente de se gostar ou não, é de louvar a entrega, a atitude e longevidade destes artistas que fazem da música realmente a sua vida. E para sempre! Poucos são os que vão aparecendo e se encaixam nesta categoria e que daqui a 20 anos ainda aí andarão a compor. Uma coisa é certa: tudo neste mundo é filtrado e estes supostos artistas não passarão nessa filtragem. Entretanto, vamos continuar a vê-los a aparecer e desaparecer.
in jornal "A União", 17 de Janeiro, 2007
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