sábado, julho 05, 2008

Concertos só para alguns gostos.

Texto - Miguel Linhares

Esta semana pouco há para falar. Tudo o que havia para dizer está no artigo aqui ao lado, as Sanjoaninas. É uma semana em que as noites vão dar ao mesmo sítio, mesmo quando sabemos que os concertos não são muito interessantes.
Não pretendo estar aqui a apontar defeitos ou aspectos menos bons nesse aspecto. Temos que respeitar o trabalho e empenho dos outros. Enquanto parte integrante do público e enquanto angrense prefiro guardar essas conversas para o meu grupo de amigos, pois ninguém ganha nada com comentários desse género. Se alguém estiver mesmo interessado em saber a minha opinião sobre alguns aspectos dos espectáculos das Sanjoaninas, então aí talvez torne pública a minha posição, ou, se for o caso, dar-lha-ei a essa pessoa interessada.
Mas existem pontos que tem que ser mencionados e o único facto que pretendo e continuo a frisar – e julgo ser importante – é um rejuvenescimento na organização dos espectáculos musicais e seu figurino nas festas. A profissionalização, se possível. Esta experiência já foi testada aqui bem perto de nós em outras festas de grande dimensão e está a dar os seus frutos. E aposto que sai mais barato!
Não se pode continuar a fazer as Sanjoaninas só ao gosto de alguns. Há que inovar, ser dinâmico, perceber a cultura como um todo, entender a música como uma arte única, caracterizá-la tendo em conta o tipo de festa, apontá-la eficazmente ao público e – o mais importante – dar um lugar merecido aos artistas locais, neste caso às bandas, pois os Dj´s, pelo menos este ano, foram reis e senhores dos pratos (e tiveram quase todos nota positiva).
Não se pode continuar a ignorar os artistas locais, alguns dos quais só conseguem realmente ter reconhecimento fora da ilha e no continente, por se arriscarem nesses meios, visto as grandes festas da nossa ilha continuarem a ignorá-los. Os palcos já escasseiam, não é preciso cortar-lhes mais as pernas.
E caso isso seja feito, que não sejam sempre as mesmas bandas, ano sim, ano não! Existem imensos jovens com talento na nossa ilha que merecem mais respeito e consideração. Além disso, temos uma grande variedade musical na nossa ilha, desde pop e acústico, até ao metal, passando pelo rock, punk, hard, alternativo, experimental… escolham o género. E existe público para esses artistas, utilizando a fórmula certa e não os atirando para qualquer palco, a qualquer hora. Assim seria (como já aconteceu em anos anteriores) um fracasso para ambas as partes, artistas e organização. É só pensarem um bocadinho, munidos de boa vontade e sensibilidade cultural que tudo dá certo. Vamos ver se em 2009 muda alguma coisa…

in jornal "A União", 2 de Julho, 2008

3 comentários:

Pedro disse...

Boas, tens toda a razão, o modelo de escolher as bandas está completamente esgotado, não se admite que numas festas nossas, não haja quase nenhuma representação de bandas terceirenses no programa.
Espero bem que mude o modelo para o ano, já que o circuito para as bandas aqui na ilha é muito escasso e as sanjoainas é sempre uma motivação para um musico, e talvez um "prémio" de reconhecimento para o trabalho que desenvolve em temas originais, temos que puxar por nós.
Temos que lutar para se apostar masi nas bandas de originais (tou a puxar a brasa à minha sardinha, mas tou a falar para o bem da sobrevivência de um Artista)...
Artista não é só o que toca, é o que escreve e compõe... dá trabalho amigos, mas é uma optima sensação quando mostramos uma musica nossa e é reconhecida pelo publico...
Vamos tentar salvar os artistas da terceira...
Organizar talvez um festival de musica para bandas de originais, sem prémio em dinheiro, vamos fazer isso com feeling... É o que move um músico.
Vamos apostar em nós...
Abraço
Pedro Soares, baixista dos aníes de Marfim

Anónimo disse...

Oh Miguel, desculpa a franqueza mas quando o Paulo Borba te deixou meter umas bandas nas Sanjoaninas (a tua e dos teus amigos), andava bem caladinho...
É preciso ter alguma coerência...

Miguel Linhares disse...

Caro Anónimo:

Quando o Paulo Borba me "deixou" colocar umas bandas nas Sanjoaninas, nenhuma delas era a minha. Isso foi há dois anos, se não me falha a memória e, claro, que eram bandas de amigos meus, pois tenho a felicidade de conhecer praticamente todas as bandas da Terceira (e muitas de outras ilhas) e de ter amigos em quase todas. Inimigos ou desconhecidos na música na Terceira tenho muitos poucos e nem me lembro muito bem quem são...
A minha banda só actuou nas Sanjoaninas em 1999 e 2004, em qualquer um dos casos por convite de alguém da organização e nunca por proposta minha. E devo dizer que fui com muito gosto!
E em nenhuma dessas alturas me "calei" ou irei me calar enquanto não houver o merecido reconhecimento aos artistas locais, principalmente quando se tratam de eventos que envolvam dinheiros públicos! Muitas vezes fiz propostas de bandas de pessoas que nem conheço bem, mas por achar que deviam mostrar o seu trabalho e tinham qualidade, achei que era uma boa aposta, independentemente de os conhecer ou não. Também é assim que se faz amizades e se cria a troca de experiências!
Uma coisa que não lhe admito (nem a si nem a ninguém) é ter falta de coerência! Padeço de vários coisas, mas esta não é uma delas.
E quanto ao Paulo Borba, não faço muitos comentários, pois ele não está aqui para se defender e não é justo. Mas existem dezenas de coisas sobre o modo de actuar dele que mereciam ser faladas e, pessoalmente, adorava fazê-lo era frente a frente. Poderá vir essa oportunidade um dia, embora ele me evite agora. E ele sabe porque me evita. Se o conhecer, pergunte-lhe, deverá saber responder-lhe. Olhe, assim de repente, estou a lembrar do jocoso "processo Stampkase" uma banda micaelense que, à altura, nem sabiam quem eram, mas que lutei pelos direitos deles quando vi os mesmos a ser renegados. Não falemos mais dessa pessoa...
Agradeço o seu comentário aqui neste espaço e a franqueza não tenho que a desculpar, só agradecer. Mas para uma pessoa tanto franca, devia haver uma face. Anónimos existem muitos na Internet.
Cumprimentos.