Eyes For The Blind, Amnnezia, Somnivm, Banda da Colheita, DJ Lino e MD Boi foram os atractivos para esta que é já a terceira edição do festival “A Colheita” realizado no passado dia 15 e 16 de Abril. O recinto foi mais uma vez o Edifício Cultural de São Bento que a meu ver não será o mais aconselhado para o efeito, a acústica da sala é terrível e o espaço demasiado grande para um evento que infelizmente parece estar destinado a ter cada vez menos público.
Eyes For The Blind |
A estreia dos EFTB era aguardada com alguma expectativa e por volta das 22h45 da noite de sexta-feira o colectivo liderado por Ricardo Gil deu inicio à sua actuação. Em 30 minutos a banda, prejudicada por um som muito pouco perceptível apresentou-nos 5 temas onde foi possível ouvir uma mistura de metalcore com algum groove. Apesar de alguns aspectos técnicos a melhorarem e da sua pouca maturidade a banda demonstrou estar à vontade em palco com especial destaque para o guitarrista solo, baterista (Tiago baterista de Somnivm) e para o vocalista da banda que demonstrou ser um frontman à altura de uma banda promissora no espectro mais “pesado” do que por cá se faz. “Beneath a Bleeding Sky” e “Box of Secrets” foram a meu ver os dois melhores temas apresentados ficando no entanto o desejo de voltar a ver esta jovem banda com melhores condições a nível sonoro. Logo de seguida estiveram em palco os Amnnezia, banda que ao fim de 7 anos dá por terminada a sua carreira e termina com a presença no palco d’ A Colheita. Uma notória falta de ensaios aliada a uma presença muito pálida e paragens monótonas entre cada tema fez com que aquele que se esperava ser um concerto memorável acabasse por ser apenas mais um a juntar aos outros. Infelizmente os Amnnezia foram também fustigados pelo som que se fez ouvir no salão do Edifício Cultural de São Bento, a guitarra ritmo não se ouviu praticamente durante todo o concerto. Foram 9 os temas apresentados ao longo dos 60 minutos de actuação em que o quinteto nos presenteou com temas como “Mirror”, “Euthanasia”, “Ilha”, “Another” e “Exorcism” sendo que estes dois últimos contaram com a participação especial de Bruno Achadinha (Somnivm) partilhando assim a sua voz gutural com a voz melódica de Natal Machado o que fez animar um pouco mais o público presente. Houve ainda tempo para a já conhecida versão de “Menina dos Olhos Tristes”, tema original de Zeca Afonso.
Amnnezia |
A noite de sexta-feira prosseguiu com DJ Lino.
Para a noite de sábado estava guardado o regresso dos Somnivm ao palco da Colheita e a estreia da Banda da Colheita, estava garantida uma noite com muito metal. Às 23 horas foram dados os primeiros acordes com uma intro de teclado por parte dos Somnivm, infelizmente esta foi uma das muito poucas vezes que esse instrumento se fez ouvir durante todo o concerto. “Our Darkest Nightmare”, “Reborn By A Godly Force” foram alguns dos temas já conhecidos que ao longo de 60 minutos fizeram as delícias daqueles que ali estavam para ver o regresso desta banda aos palcos. Pelo meio foram ainda apresentados 3 novos temas “Facing War”, “Castle of Cards” e “Frozen Sun”, temas esses que pouco ou nada fogem ao já anteriormente feito à excepção de introdução de vocalizações em tom limpo por parte de Bruno Achadinha.
Somnium |
A banda brindou ainda os presentes com duas covers, a já conhecida “Eternal” dos britânicos Paradise Lost e o momento da noite foi inteiramente para a sua nova “Pursuit of Vikings” de Amon Amarth cover esta que vem comprovar que os Suecos são sem dúvida uma das referências para esta banda. “The Curse”, amaldiçoada ou não teve um inicio um pouco atribulado mas que facilmente foi ultrapassado terminando assim a actuação desta banda que deixou para trás um concerto que agradou ao público “metaleiro” presente. A apontar apenas o pouco à vontade ainda em palco por parte de alguns membros que ainda se prendem muito ao seu espaço e a falta de concentração do baterista que originou alguns momentos menos bons ao longo do concerto. Nota positiva para Bruno Achadinha que tem-se mostrado um frontman sem medo do público e para o guitarrista solo. Rui Reis (System Failure), Nelson Leal (Anomally), Vitor Moreira (Nomdella) Marco Lote (Skar, ex Anomally) e João Freitas (Filthy Maggot) membros bem conhecidos do nosso panorama de “peso” foram os cúmplices que se juntaram para recordar alguns temas de bandas tão conhecidas como Metallica, Sepultura ou Pantera.
Banda da Colheita |
E foi com “Loco” de Coal Chamber provavelmente o tema menos conhecido pelos presentes que a Banda da Colheita iniciou o seu setlist, de seguida surpreenderam todos os presentes tocando “Du Hast” de Rammstein, seguiu-se “Duality” de Slipknot tema este muito bem recebido pelo público contando com a participação improvisada de Ricardo Gil (Eyes For The Blind), “For Whom The Bell Tolls” sofreu uma interrupção forçada por motivos técnicos que impediram os dois vocalistas de interpretar este tema causando assim um momento menos positivo na sua actuação, seguiu-se um medley de Pantera com os temas “5 Minutes Alone” “Walk” e “Fucking Hostile”, “Redneck” de Lamb Of God foi o tema mais intrincado apresentado pela banda que mostrou não ter havido ensaios suficientes para o executar na perfeição, não sei se era esse o propósito da banda ou não pois pareciam estar ali só pelo gozo no entanto foi pena não terem conseguido executá-lo de maneira mais clara e perceptível. “Refuse/Resist” de Sepultura e “”Do What I Say” de Clawfinger ficaram para o fim, não havendo mais temas para apresentar em estilo de encore a banda repetiu o medley de Pantera. Destaque para Marco Lote que foi o membro mais massacrado tendo ficado com o trabalho de guitarra todo por sua conta, o que fez com que a banda saísse prejudicada em alguns momentos que fazia falta uma segunda guitarra, nem mesmo o trabalho de João Freitas no baixo foi o suficiente para colmatar esta falta na banda. MD Boi finalizou a noite com uma boa selecção do que de melhor se fez nas décadas de 80 e 90 e ainda alguns êxitos mais recentes de Metal.
Um ano e um mês depois, treze bandas e muitas horas dispensadas fizeram com que este jovem Festival chegue à sua 3ª edição graças à força de vontade empenho e dedicação de Beatriz Reis, que apesar de muitos se terem juntado a esta organização é ela a principal impulsionadora desta colheita do que de melhor se tem vindo a fazer por cá.
É evidente que alguma imaturidade dá lugar a erros e a Colheita, apesar de já ir na sua 3ª edição continua a meu ver com alguns erros por corrigir. Será mesmo necessário realizar dois dias para colocar apenas quatro bandas em cartaz? Não haverá um local melhor para a realização deste evento? Foi correcto colocar uma banda que foi criada de propósito para este festival como cabeça de cartaz? Não seriam os Somnivm uma banda capaz de suportar esta responsabilidade? São as questões que me vêm à cabeça ao fazer um balanço do que se passou neste evento.
Claro está que apesar destes aspectos que julgo deveriam ser repensados à que dar o devido mérito aos responsáveis por este evento que tem acarinhado as bandas locais sem qualquer tipo de discriminação de estilos musicais. Um bem-haja a quem faz algo pelos músicos locais e que venham mais e melhores colheitas.
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