No meio de uma panóplia de livros, andei aos tropeções com o conteúdo de um que apesar de ser mais velho que eu, é muito actual na sua essência. Intitula-se "Vencer a crise, preparar o futuro" e retrata o primeiro ano do governo constitucional, pós 25 de Abril e é uma publicação da responsabilidade do gabinete do Secretário de Estado Adjunto do Primeiro - Ministro para os Assuntos Políticos e tem a coordenação do jornalista Nuno Vasco.
Nessa altura era Presidente da Republica o General Ramalho Eanes e Primeiro - Ministro o Dr. Mário Soares, sendo estas das primeiras figuras eleitas democraticamente, passados os mais de 30 anos de fascismo e repressão politico - social! Naquela altura, obviamente, tentava-se vencer a crise, senhora burguesa bem alimentada e viciada em todo o país, e agora que leio este livro passados 20 e poucos anos da sua publicação, encontro tantas semelhanças... semelhanças na preocupação do povo Português em querer esqueçer um passado doloroso, cada um com a sua ferida é claro, mas ainda assim doloroso. Naquela altura tentava-se esquecer o Salazarismo, hoje em dia tenta-se esquecer o Barrosismo/ Santanismo e ainda todas as figuras tristes que o CDS/PP fez nos ultimos dias. Naquele tempo combatia-se por liberdade, por pão, por direitos, défices orçamentais...etc., hoje em dia luta-se por empregos, oportunidades, direitos, e também défices orcamentais! Naquele tempo queria-se sair do lamaçal, hoje em dia - em bicos de pés -tentamos não cair no lamaçal.
Não me esqueço da arrogância infantil e de má perdedor que o Nobre Guedes demonstrou no directo da TVI, quando foi confrontado com as perguntas dos jornalistas e com os comentários dos vencedores da noite. Muito mau para um político de 1ª linha... A cara de Paulo Portas inspirava uma amargura tremenda, por ter a confirmação daquilo que ele próprio já sabia, mas fingia não saber, mais, evocou novamente o nome de Deus em vão, homessa o que pensarão desta vez os bispos, para os quais se calhar era dirigido aquele "estou-me nas tintas para o que pensarem" que o Portas da Direita afirmou? Nesse entretanto tinhamos um Portas de Esquerda sorridente, pelo aumento de 5 deputados do seu partido, perfazendo agora 8 cadeirinhas no parlamento. Os jantares desta familia devem ser muito interessantes...
Só mesmo o Euro 2004 poderia animar este povo que está cansado e inseguro. Se pertencemos a este lote primeiro mundista, temos que evoluir e mostrar que somos um país capaz de movimentar valores e decisões, não nos podemos assentar em políticas do faz - de - conta que remetem-nos para a cauda da Europa em todos os aspectos reprováveis! Fico feliz por ver que desta vez as pessoas conscientemente foram ás urnas, finalmente puderam dar uma utilidade ao voto, arma poderosa para o povo de uma nação democrática.
Continuo a ter como lema "A tua indiferença é o poder deles!", se não votamos, contribuímos para a ascensão do indesejável e depois como poderemos criticar aquilo que nem foi objecto da nossa reprovação na hora do voto?! Onde estávamos na hora do voto? Em casa a não tomar parte do nosso próprio futuro! "Vencer a crise, preparar o futuro" é o titulo do referido livro datado de 1977, mas poderia ser também o titulo de um livro datado de 2005...
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