Mais uma vez, Angra do Heroísmo recebeu o maior e mais importante festival de Rock dos Açores, um evento que começa a ganhar alguma respeitabilidade, mesmo fora da região. A sétima edição do AngraRock ofereceu aos vários milhares de pessoas que acorreram ao Bailão espectáculos de qualidade, em geral, embora mais uma vez o evento coincidisse com o Rali Ilha Lilás, algo que rouba, naturalmente, muitos visitantes. Desta vez e fugindo á triste realidade dos anos anteriores, não choveu, excepção feita a um breve aguaceiro na noite de sábado e mesmo no final dos concertos. Ainda assim, importa realçar um facto: porque é que os mais jovens não acorrem a este grande evento?! É incompreensível que algumas bandas venham tocar aos Açores e tenham que se deparar com centenas, ou poucos milhares de pessoas e, por vezes, são bandas de muita qualidade e reconhecimento. Qualidade, já se sabe, não é um factor preponderante para o sucesso de um concerto ou artista e aqui é que deverá residir o maior problema do nosso povo. O AngraRock, assim como outros eventos na nossa região, sofrem dessa ligeira letargia que quase todo o Português possui. Este ano o festival AngraRock poderá ter sido dos melhores ao nível de qualidade musical, aspecto perfeitamente visível mesmo nas bandas regionais que actuaram, provenientes do concurso realizado em Junho.
Na primeira noite entrou em palco os Anomally, banda que ficou na 4ª posição no concurso AngraRock, mas que substituiu os micaelenses The Bliss, que tinham sido 2º classificados, mas que por motivos pessoais não puderam participar. Nada ficaram a dever e deram um excelente concerto, dentro da sonoridade Trash/Death que tem vindo a habituar. O público reagiu bem á chamada dos Anomally que possuem bons executantes, embora a presença em palco pudesse ser mais enérgica, para o estilo musical que produzem. Nota positiva para a abertura deste festival. De seguida foi a vez dos já conhecidos Stream que, actualmente, fazem a promoção do seu CD single. As mudanças no conjunto foram radicais e, pelo menos por enquanto, não demonstram qualidade superior. O novo baterista encaixou-se na perfeição no conjunto, a segunda guitarra veio encher mais as composições, mas a nova vocalização deixa a desejar. Alem disso, nesta noite, o vocalista não foi feliz, pois foram vários os desafinos nos timbres mais agudos. As músicas novas estão diferentes, num Rock muito mais comercial, acessível e talvez não tanto explorado. Ouviam-se algumas críticas, umas menos próprias, outras mais pensadas, mas o que é certo é que o público está a dividir-se em relação a este conjunto. A fechar esta noite, foi a vez dos Ramp subirem ao palco. Independentemente de se gostar, ou não, deste género musical um pouco pesado, julgo ser indiscutível que se presenciou um dos melhores concertos na Terceira. Arriscaria dizer que foi superior ao dos Moonspell, há 3 anos atrás. Excelentes executantes, sintonia perfeita, muita energia, atitude em palco e a banda que movimentou mais o público neste festival, apesar de não ter sido o que tinha mais gente, como veremos mais á frente. Só ficou a vontade de se ter prolongado por mais algum tempo…
Na segunda noite os micaelenses A Different Mind, vencedores do concurso AngraRock deste ano, foram implacáveis. Mais uma vez demonstraram ser uma grande banda de Rock, muito coesa, experiente e com temas originais muito completos e orelhudos. Pecam por algum estatismo, mas conseguiram arrancar alguns aplausos. O público era muito reduzido, embora houvesse um pequeno grupo de micaelenses a apoiar o conjunto. Não cativaram muito os presentes, apesar de alguns apelos por parte da vocalista, mas categoria não lhes faltou e saíram de cabeça erguida! Os Pluto deverão ter sido a melhor surpresa deste festival. O conjunto portuense apresentou-se em máxima força e chamou imensas pessoas á frente do palco. A voz inconfundível de Manuel Cruz (ex-Ornatos Violeta), arrebatou completamente o festival AngraRock e os Pluto primaram pela inteligência e originalidade. A banda não comunicou muito com o público e tocou sempre num ambiente muito intimista, introspectivo, como se de um ensaio se tratasse. Agradaram a maioria. A fechar esta noite, os finlandeses Deep Insight, em Portugal mais conhecidos por figurarem numa das compilações de Morangos com Açúcar. Uma coisa é certa: o prémio presença em palco foi para eles! Impressionante a energia que possuem, até o baterista parecia que tocava em pé e nunca pararam por um instante. A sonoridade, embora muito simplista, vagueia pelo Pop/Rock/Emo, com alguns laivos de agressividade. Ganharam, indiscutivelmente, pela presença e atitude em palco e para com o público. Acabou por também surpreender.
No último dia deste festival as honras de abertura foram para os Othello, banda 3ª classificada do concurso deste ano. Exímios executantes musicais, agradaram pela técnica e boa disposição em palco. Apesar da vocalização ter tido algumas falhas, pouco há a apontar aos Othello que conseguiram cativar e arrancar muitos aplausos. Não dando muito nas vistas, foram sempre electrizantes e capazes. Uma banda para o futuro…
A segunda banda da noite seria os Expensive Soul, que tinham actuado há pouco tempo no festival Ponta Delgada. A prestação aqui foi idêntica. Hip-Hop simples, com boas percussões, mas liricamente muito fraco. A energia característica deste tipo de música contagiou grande parte do público, ou não fosse esse o género musical da moda. Sem nada que faça lembrar Rock, no mais simples entender desta palavra e género musical, não se percebe muito bem o que fazia esta banda no AngraRock…
A fechar a noite e o festival, os germânicos Liquido que eram, no fundo, os cabeça de cartaz deste festival. Apesar de só terem dois ou três temas conhecidos do público em geral, deram um bom concerto numa onda Rock/Punk da nova escola e bem executado. Tiveram a maior plateia dos três dias e o agrado parecia geral. Curioso foi, quase no final, anunciarem que iam tocar um tema de uma banda que tinham antes dos Liquido, tema este de 1992. A surpresa é que o tema era …Death Metal, cantado a rigor! Maior surpresa foi depois de a tocarem, perguntarem se tinham gostado e o público ter gritado “yes”. Ou seja, os Liquido podem berrar em cima de um palco, mas os grupos (principalmente os regionais) que o fazem, não passa de berros, gritaria e pouca música. Modas e influências. Ás vezes basta ter “nome” para ter um público na mão. O vocalista ainda ameaçou tocar um tema de Napalm Death (Suffer), mas acabou por não fazê-lo. No final, foi um bom espectáculo e este festival AngraRock, á vista desarmada, começa a ganhar notoriedade. Embora muitas arestas tenham que ser limadas, é bom saber que existe algo dedicado somente ao Rock na nossa região. Esperamos pela 8ª edição…
Na primeira noite entrou em palco os Anomally, banda que ficou na 4ª posição no concurso AngraRock, mas que substituiu os micaelenses The Bliss, que tinham sido 2º classificados, mas que por motivos pessoais não puderam participar. Nada ficaram a dever e deram um excelente concerto, dentro da sonoridade Trash/Death que tem vindo a habituar. O público reagiu bem á chamada dos Anomally que possuem bons executantes, embora a presença em palco pudesse ser mais enérgica, para o estilo musical que produzem. Nota positiva para a abertura deste festival. De seguida foi a vez dos já conhecidos Stream que, actualmente, fazem a promoção do seu CD single. As mudanças no conjunto foram radicais e, pelo menos por enquanto, não demonstram qualidade superior. O novo baterista encaixou-se na perfeição no conjunto, a segunda guitarra veio encher mais as composições, mas a nova vocalização deixa a desejar. Alem disso, nesta noite, o vocalista não foi feliz, pois foram vários os desafinos nos timbres mais agudos. As músicas novas estão diferentes, num Rock muito mais comercial, acessível e talvez não tanto explorado. Ouviam-se algumas críticas, umas menos próprias, outras mais pensadas, mas o que é certo é que o público está a dividir-se em relação a este conjunto. A fechar esta noite, foi a vez dos Ramp subirem ao palco. Independentemente de se gostar, ou não, deste género musical um pouco pesado, julgo ser indiscutível que se presenciou um dos melhores concertos na Terceira. Arriscaria dizer que foi superior ao dos Moonspell, há 3 anos atrás. Excelentes executantes, sintonia perfeita, muita energia, atitude em palco e a banda que movimentou mais o público neste festival, apesar de não ter sido o que tinha mais gente, como veremos mais á frente. Só ficou a vontade de se ter prolongado por mais algum tempo…
Na segunda noite os micaelenses A Different Mind, vencedores do concurso AngraRock deste ano, foram implacáveis. Mais uma vez demonstraram ser uma grande banda de Rock, muito coesa, experiente e com temas originais muito completos e orelhudos. Pecam por algum estatismo, mas conseguiram arrancar alguns aplausos. O público era muito reduzido, embora houvesse um pequeno grupo de micaelenses a apoiar o conjunto. Não cativaram muito os presentes, apesar de alguns apelos por parte da vocalista, mas categoria não lhes faltou e saíram de cabeça erguida! Os Pluto deverão ter sido a melhor surpresa deste festival. O conjunto portuense apresentou-se em máxima força e chamou imensas pessoas á frente do palco. A voz inconfundível de Manuel Cruz (ex-Ornatos Violeta), arrebatou completamente o festival AngraRock e os Pluto primaram pela inteligência e originalidade. A banda não comunicou muito com o público e tocou sempre num ambiente muito intimista, introspectivo, como se de um ensaio se tratasse. Agradaram a maioria. A fechar esta noite, os finlandeses Deep Insight, em Portugal mais conhecidos por figurarem numa das compilações de Morangos com Açúcar. Uma coisa é certa: o prémio presença em palco foi para eles! Impressionante a energia que possuem, até o baterista parecia que tocava em pé e nunca pararam por um instante. A sonoridade, embora muito simplista, vagueia pelo Pop/Rock/Emo, com alguns laivos de agressividade. Ganharam, indiscutivelmente, pela presença e atitude em palco e para com o público. Acabou por também surpreender.
No último dia deste festival as honras de abertura foram para os Othello, banda 3ª classificada do concurso deste ano. Exímios executantes musicais, agradaram pela técnica e boa disposição em palco. Apesar da vocalização ter tido algumas falhas, pouco há a apontar aos Othello que conseguiram cativar e arrancar muitos aplausos. Não dando muito nas vistas, foram sempre electrizantes e capazes. Uma banda para o futuro…
A segunda banda da noite seria os Expensive Soul, que tinham actuado há pouco tempo no festival Ponta Delgada. A prestação aqui foi idêntica. Hip-Hop simples, com boas percussões, mas liricamente muito fraco. A energia característica deste tipo de música contagiou grande parte do público, ou não fosse esse o género musical da moda. Sem nada que faça lembrar Rock, no mais simples entender desta palavra e género musical, não se percebe muito bem o que fazia esta banda no AngraRock…
A fechar a noite e o festival, os germânicos Liquido que eram, no fundo, os cabeça de cartaz deste festival. Apesar de só terem dois ou três temas conhecidos do público em geral, deram um bom concerto numa onda Rock/Punk da nova escola e bem executado. Tiveram a maior plateia dos três dias e o agrado parecia geral. Curioso foi, quase no final, anunciarem que iam tocar um tema de uma banda que tinham antes dos Liquido, tema este de 1992. A surpresa é que o tema era …Death Metal, cantado a rigor! Maior surpresa foi depois de a tocarem, perguntarem se tinham gostado e o público ter gritado “yes”. Ou seja, os Liquido podem berrar em cima de um palco, mas os grupos (principalmente os regionais) que o fazem, não passa de berros, gritaria e pouca música. Modas e influências. Ás vezes basta ter “nome” para ter um público na mão. O vocalista ainda ameaçou tocar um tema de Napalm Death (Suffer), mas acabou por não fazê-lo. No final, foi um bom espectáculo e este festival AngraRock, á vista desarmada, começa a ganhar notoriedade. Embora muitas arestas tenham que ser limadas, é bom saber que existe algo dedicado somente ao Rock na nossa região. Esperamos pela 8ª edição…
in jornal "A União" de 6 de Setembro, 2006
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