Texto – Miguel de Sousa Azevedo (www.portodaspipas.blogs.sapo.pt)
Sábado à noite e não podia faltar à apresentação dos GOMA. Cheguei na terceira música e logo me apercebi que havia "sumo" espremido daquelas malhas e acordes. Nuances de outros tempos visíveis às quais fiz uma interpretação muito pessoal. Impossível de dissociar do som da nova banda é o timbre do "ex-Sobredotados" (ou melhor, actual, que eles ainda existem nos nossos corações...) Agostinho Leão, agora com um registo firme e decidido, e incorporando nele palavras comuns a um sentimento conhecido. A nostalgia transpira nos GOMA, a interacção dos músicos parece ter uma cadência muito lógica e as coisas saíram mesmo muito bem. Não sou eu quem o diz, são as muitas pessoas que acorreram ao convite... A segunda voz do Paulo Sousa entrou muito bem nas tramas do Pop esclarecido e os solos suaves do João Pedro espaçaram bem as diferentes fases de cada poema cantado. O Chico Sales confirmou ser um baterista de referência, com uma batida decidida e os arredondados necessários, assim como se notou eficácia na marcação do baixo do vocalista. Em termos de apreciação (e já que vou em jeito de crítica musical-para a qual não tenho nem jeito nem engenho...) global, não deixei de "sentir" os "Sobredotados" da minha (já) saudosa juventude, apanhando aqui e ali o mesmo sentido semântico que na altura granjeou sucesso. Influências dos "Clã" e dos "Ornatos Violeta" são sinónimo de bom gosto e garantias de inovação. Acho que podem crescer muito estes GOMA. Dei-lhes os parabéns pela boa estreia, fiquei orgulhoso de ali estar, vi gente da música e gente de quem tinha saudades. Quero vê-los de novo, com mais espaço e mais som...
in jornal "A União", 14 de Março, 2007
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