Black Nails, Anéis de Marfim, Amnnezia, Nomdella, 4Saken, Ov3rflow, Liquid Distortion, Anjos Negros, Oppressive, sendo estas últimas duas da vizinha ilha de S. Miguel, foram as bandas participantes nesta 7ª edição do concurso Angra Rock que decorreu nos passados dias 7, 8 e 9 de Junho no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo. O júri foi presidido por Nuno Barroso (músico e compositor da banda Alem Mar), e contou ainda com a participação de João Mendes (musico da banda local Stream) e Agostinho Leão (musico da banda local Goma).
Os Black Nails deram inicio ao concurso e desde logo se notou que a mudança de vocalista foi sem dúvida uma mais valia para a banda, no entanto a falta de à vontade em palco por parte desta notou-se logo de inicio, o nervosismo e a falta de experiência em palco foram marcantes na prestação da vocalista que mesmo assim conseguiu por vezes mostrar o seu potencial. A banda continua a pecar pela falta de fluidez nos seus temas muito devido à falta de ligação entre cada parte da música, no que diz respeito ao domínio dos instrumentos o baterista continua pouco solto, nota-se que toca com pouco à vontade no entanto foi notório alguma evolução, quanto ao guitarrista solo, apesar de dominar o seu instrumento continua a utilizar os efeitos da pedaleira para executar alguns dos seus solos e a sua voz gutural continua a não encaixar com a da vocalista. Terminada a actuação dos Black Nails subiram ao palco os Anéis de Marfim. Não me foi possível assistir à actuação desta banda mas pelo que constatei esta não agradou de todo à grande maioria do público presente.
Seguiram-se os Amnnezia, banda que conta já com 3 anos de experiência e vários concertos realizados, talvez por isso fosse de esperar uma boa prestação e foi precisamente o que o colectivo liderado por Natal Machado fez. Os Amnnezia já nos haviam habituado com o seu Pop/Rock, com uma estrutura musical baseada em verso/refrão que facilmente fica no ouvido de quem os está a ouvir. Um guitarrista solo que mesmo sem grande virtuosismo conseguiu puxar por toda a restante banda que pareciam um pouco acanhados. A vocalista desempenhou o seu papel sem grandes percalços. Só foi pena o fim da actuação ter corrido menos bem devido a um choque eléctrico que o guitarrista solo levou ao tocar no baixista. Acidente desnecessário se as condições fossem outras.
Era a vez dos Nomdella subirem ao palco e logo se notou que estavam ali alguns dos antigos membros de Overload, banda que participou neste concurso o ano passado. O novo guitarrista, a ausência de teclista e a mudança de sonoridade da banda fez com que alterassem o nome. Praticando um Metalcore, os Nomdella apostaram desta feita numa sonoridade mais agressiva intercalada com algumas passagens melódicas. Apesar de se notar um bom trabalho por parte do guitarrista e melhorias por parte dos restantes membros em relação ao ano passado, este colectivo continua a pecar pela falta de coesão e presença em palco. Penso que era intenção da banda apostar na imagem da mesma, no entanto esta aposta caiu apenas sobre um dos membros, facto este que deverão ter cuidado para a próxima.
Os 4Saken, banda que já havia participado na edição de 2005, fechavam a primeira eliminatória. Com um novo line up e com uma sonoridade mais pesada daquela que haviam arriscado na sua anterior participação os 4Saken subiram ao palco cheios de garra. Infelizmente cedo se notou que não se ouvia um dos guitarristas, facto este que tem vindo a ser habitual em bandas que tem dois guitarristas. Algumas influências de bandas como In Flames e Iron Maiden foram notórias, o trabalho de guitarras é um ponto forte desta banda, no entanto nem sempre saíram como desejado por parte dos seus executantes. A nível rítmico o baterista por vezes saiu de tempo o que acabou por afectar a prestação dos restantes companheiros. A nível vocal Katita esteve bem no geral, com alguns percalços mas que em nada estragaram a prestação da banda. A presença em palco por parte do guitarrista solo e vocalista são sem sombra de dúvidas uma mais valia.
Coube aos Ov3rflow darem início à segunda eliminatória deste concurso. Alguma inexperiência, falta de à vontade e nervosismo mancharam a prestação desta banda. A destacar as duas vozes da banda no tema Why e ainda a preocupação por parte de todos os elementos da banda no seu visual. A praticar um misto de Rock e Pop na onda de uns 4 Taste não se exigia grandes tecnicismos.
De seguida a estreia da banda Liquid Distortion, estreia também do vocalista em palcos. Estiveram bem no geral, no entanto de registar o nervosismo do vocalista e o pouco à vontade por parte do baterista que não passaram despercebidos do público. Foram uma agradável surpresa estes Liquid Distortion que misturaram o som característico de Seatle (Grunge) com um rock musculado. A destacar o guitarrista que demonstrou saber dominar o seu instrumento.
Vindos de S. Miguel eis que nos deparamos com os Anjos Negros, banda esta constituída por elementos de tenra idade. Praticantes de um rock gótico, os Anjos Negros demonstram ainda estar em fase de evolução, a vocalista tende a colar-se um pouco à voz e melodias de Amy Lee (vocalista de Evanescence), o guitarrista solo foi o que se destacou mais de toda a banda.
A finalizar esta segunda eliminatória tivemos os Oppressive que vieram de S. Miguel com vontade de levar o troféu para casa. Subiram ao palco e desde logo começaram a despejar a sua raiva, a excelente presença em palco por parte de todos os seus membros não passou certamente despercebida por parte de quem lá esteve presente. Dos três temas apresentados pela banda a destacar Broken Mirror e What’s Left Of Me com um riff inicial bastante apelativo e que facilmente fica no ouvido. Metal com alguns traços mais experimentais é o que melhor caracteriza este colectivo vindo de Ponta Delgada.
Terminadas que estavam as duas eliminatórias do concurso o júri liderado por Nuno Barroso decidiu que passariam à final os projectos: Amnnezia, Oppressive, Ov3rflow, Anjos Negros e 4Saken.
Os Amnnezia subiram ao palco para a final com algum nervosismo acabando este por tornar a sua prestação inferior aquela que foi na eliminatória. Foram notados alguns erros durante a execução do solo do primeiro tema e devido a um problema inicial com o guitarrista ritmo este nunca mais se sentiu à vontade. Só na execução do terceiro tema “Ilha” é que se notou uma maior liberdade por parte dos membros da banda.
De seguida foi a vez dos Oppressive tentar impressionar os membros do júri. De novo com um arranque frenético os Oppressive cedo mostraram que vinham com o trabalho de casa bem estudado, presença em palco que já outras bandas vindas de S. Miguel como Psy Enemy ou Stampkase nos haviam habituado foi sem dúvida um ponto a favor deste colectivo, no entanto a nível vocal o seu vocalista esteve melhor no dia da eliminatória. Contando com um membro convidado Paulo, guitarrista da banda Neurolag, os Oppressive continuaram a fazer aquilo que melhor sabem e notou-se que tem potencial, infelizmente saíram um pouco prejudicados pelo som estar pouco perceptível.
Terminada a prestação dos Oppressive era a vez de uns muito mais calmos Ov3rflow mostrarem o que valiam. Menos nervosos os Ov3rflow da final arrancaram com um tema que pecava pela falta de técnica, Já no segundo tema “Why” notou-se que a banda estava muito mais solta do que na fase de eliminatória chegando mesmo a puxar pelo público durante o inicio deste tema, um inicio dominado principalmente pelas duas vozes, vocalista e baterista, que se mostraram bem coordenadas e que se complementavam bem, mais uma vez a banda apostou no visual, factor este que infelizmente muitas bandas se abstraem. Os Ov3rflow necessitam de se desligar das suas influências e tentar ser um pouco mais originais.
Os Anjos Negros mantiveram a sua postura, não se notaram grandes alterações na prestação desta banda na final. A banda apostou num tema em português à semelhança dos Ammnezia que mostraram assim que nem só de letras na língua inglesa vive a música nos Açores.
Os 4Saken foram a ultima banda desta final. Bons executantes e boa presença em palco são os pontos fortes deste quinteto, e na final conseguiram demonstrar aquilo que passou despercebido na sua eliminatória. A meu ver, os 4Saken da final estiveram acima da média não fosse esta uma banda composta na sua maioria por membros já experientes e que já pisam palcos há longos anos.
Após algum momento de reflexão e soma de pontos o júri elegeu os seguintes vencedores: 4Saken em terceiro lugar, Anjos Negros em segundo e os grandes vencedores desta que já é a sétima edição foram os Amnnezia.Quero desde já deixar aqui os meus parabéns às bandas vencedoras e a todas as bandas concorrentes, pois sem elas não teria sido possível mais um concurso. Resta agora esperar pelo Festival Angra Rock a realizar de 31 de Agosto a 2 de Setembro que contará com as bandas vencedoras e ainda com as bandas Da Weasel, Die Happy (Alemanha), Orangotang e com o regresso dos R.I.P.
in jornal "A União", 13 de Junho, 2007
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