sexta-feira, janeiro 20, 2012

Sobreviverá a música em 2012?

Texto - Miguel Linhares

Não é novidade: em momentos de crise é sempre a cultura a maior prejudicada orçamentalmente. Em Portugal, claro.
Em países como a Ucrânia, Alemanha, Bélgica e Finlândia continua-se a achar de vital importância a aposta e investimento na cultura, a par da educação. São estes, afinal, os pilares da sociedade e dos bons costumes. Um país enriquecido culturalmente e educado é um país informado, sensível às questões e astuto. Nesse países, apesar de contidos, os aumentos e reforços do orçamento são fundamentais e indispensáveis para a formação e informação do povo.
Em Portugal – por razões que me ultrapassam completamente, mas que algum especialista poderá nos elucidar – continua-se a promover o desinteresse geral pela cultura e uma educação trapalhona. Extingue-se o Ministério da Cultura, transformando-o numa Secretaria-geral e aplica-se cortes na ordem dos 20%, 30%, apesar do ligeiro aumento no orçamento em 2010.
Tudo bem, em tempo de crise e contenção orçamental isso percebe-se, logo que não se continue a alimentar o que realmente está mal neste país: administradores a mais e demasiadamente bem pagos; institutos e fundações mal imaginadas, algumas nem sequer facilmente identificáveis; reformas milionárias que ultrapassam o razoável; luxos e mordomias para as altas patentes do estado que continuam a viver acima das possibilidades do país e obras efectuadas ao longo dos anos que só serviram alguns empresários e nada mais. Desperdício.
Com o aumento do IVA nos bens culturais (e a manutenção da taxa máxima nos discos, não sendo considerados bem cultural) prevê-se um país mais pobre a nível musical, menos dinâmico e cada vez mais a promover o facilitismo e a pirataria. Más noticias para a indústria musical – que nem é quem realmente aqui interessa – e para os artistas que neste país continuam a ser trabalhadores precários e de “segunda categoria”.

in jornal "A União", 16 de Dezembro, 2011

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