Pois é, assim que chega o Inverno e principalmente depois do Natal narra-se a mesma história dos anos anteriores. Não existem concertos e eventos de Rock, parece que tudo está esquecido e que o AngraRock é o fecho de uma temporada musical que só voltará com o raiar do verão! Ficamos abandonados aos ensaios e sem espaços e iniciativas que façam soar bem alto as guitarras distorcidas de todos estes jovens famintos de oportunidades e suporte, porquê é a pergunta? Apesar de já ser habitual, para mim é incompreensível, mais ainda quando existem na nossa ilha agências e promotores que supostamente deviam estar a fazer algo pela música local como alternativa ás festas e eventos “populares” que só servem para dar mais um pouco de nada a este povo, mas assim enchendo os bolsos e criando ilusões a alguns. Depois existem os espaços que são feitos ou à medida de senhores de charuto, ou ao simples cliente de café e cigarros, sem que se pense em cultura, entretenimento, qualidade… Não existe um único espaço jovem alternativo na nossa ilha que possa receber eventos culturais modernos em qualquer altura do ano! O que existe é muito daquilo que se vê em todo o lado, espaços banais, fomentados para o não fazer nada, criados para uma massa consistente de gente que sabe que não vai ver e ouvir nada de novo, mas ainda assim vão para lá porque toda a gente vai para lá, porque é moda, é “curtido” e isso dura até que algo de novo apareça e aí muda-se de arraiais para outro espaço também ele cheio de nada! E quem não podemos criticar são os promotores de eventos de música de dança, que esses sim, fazem muito por aquilo que gostam e dão movimentação ao som e aos artistas que o executam, apoiando incondicionalmente o produto local. No rock isso existe pontualmente por algumas pessoas, umas credíveis, outras nem tanto, que não compreendem que não é a martirizar-nos com o mesmo evento ou com a mesma banda todos os anos que vão modificar para melhor o nosso cenário! Tem que haver uma continuidade e uma aposta destemida, senão ficamos todos a perder e acho que já estamos a perder à muito tempo.
in Jornal "A União" 12 de Janeiro de 2005
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