quarta-feira, janeiro 19, 2005

Rock: uma paixão, ou uma moda?!

Já contei esta história a alguns conhecidos meus, mas agora apetece-me partilha-la com mais gente. Comecei a ouvir Rock quando o meu irmão trouxe-me uma K7 dos Estados Unidos, por volta de 1989, na altura não sabia o que ouvia, mas gostava. Era o “Master os Puppets” de Metallica! Em pouco tempo um vizinho meu e camarada de muitas “estórias” conseguiu arranjar de malta mais velha umas gravações ranhosas de Judas Priest, Helloween e King Diamond. Começámos a deixar crescer o cabelo e a usar roupas roçadas e irreverentes. Passado pouco tempo quase toda a gente no liceu andava assim e “curtia” Heavy Metal. Definitivamente, foi uma moda! 97% desses colegas de liceu, hoje em dia, são a prova viva que aquilo foi moda e que só andavam assim porque todos os outros andavam.
Tinha uns 15 anos quando fui a um concerto de Chilli Mozart na casa do povo da Terra Chã, usando orgulhosamente uma t-shirt de Pantera e com o cabelo a tapar-me as costas. Falei uns minutos com uma das primeiras pessoas na ilha a ouvir Metal que numa dada altura disse-me: “Quando tiveres uns 25 anos, vais deixar de ouvir Metal, mudar a tua aparência e vais ver que isso é uma fase que passa. Aconteceu comigo, ainda há dias peguei em todas as minhas K7´s e lancei-as ao lixo, porque chega uma altura da vida que queremos ouvir “cenas” mais calmas”. Nunca mais me esqueci disso e agora que tenho 26 anos, acabei por cortar o meu cabelo (aos 23) e por mudar a minha aparência (atenção, nas horas de “serviço” sou o empregado, fora dele, sou eu mesmo!), não por aquelas razões, mas por “imposição” da sociedade e crasso erro da tal pessoa, continuo a ouvir e cada vez mais a gostar de Metal! Falhou redondamente nas suas previsões. Ao seguir também eu uma moda, descobri e alimentei uma grande paixão. Por isso, se calhar, ainda hoje continuo a ouvir quase tudo o que ouvia com 13 anos, simplesmente com o evoluir do tempo vou adaptando-me a outros géneros musicais, alargando os meus horizontes no mundo da música. E sei que nesta ilha fui dos poucos a manter este gosto e esta atitude, infelizmente! Aos tais 97% que andavam e faziam o mesmo que todos os outros, hoje em dia não mudaram nada e continuam a fazê-lo. Adaptam-se ás modas e tornam-se em tudo aquilo que a sociedade quer que eles se tornem. Os resistentes, esses, estão sempre lá à frente, agarrados ás grades e vai continuar assim por muito mais tempo!!! Poucos, mas bons, assim diz o ditado!

in Jornal "A União" de 19 de Janeiro de 2005

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