Nos últimos três anos um conjunto de músicos em S. Miguel veio dedicar-se exclusivamente á apresentação de “covers”, projecto intitulado Undercovers e que recentemente fez duas actuações no bar PDL, em Ponta Delgada, uma em Outubro, outra em Dezembro. Talvez no seguimento da boa aceitação a este projecto por parte dos micaelenses, outro grupo de jovens, estes menos experientes e mais novos, juntou-se com o mesmo intuito e fizeram a sua apresentação no passado dia 23 de Fevereiro, também esta no bar PDL e desfilaram temas mais que conhecidos dos amantes de metal.
Ao primeiro olhar dirigido ao cartaz, parte-se do princípio que este grupo sabe o que está a fazer e não vai deixar créditos por mão alheias. Propõem-se a interpretar temas de Machine Head, Fear Factory, Lamb of God, Sepultura, Soulfly, Metallica e One Minute Silence, entre outros, sendo os executantes mais ou menos conhecidos entre o meio musical local.
Kovers intrepretaram alguns clássicos
Deste modo, Filipe Vale na voz, Luís Silva e Fábio Amaro nas guitarras, Ricardo Conceição no baixo e João Freitas na bateria, abrem a noite com um tema de Lamb of God, muito bem executado e deixando logo patente que o conjunto estava ali não só para entreter, mas também para convencer. Aquecendo os presentes no bar PDL, que estava a “meia casa”, os Kovers ofereceram “Duality”, Slipknot, “Primitive”, Soulfly, “Roots”, Sepultura, “The blood, the sweat, the tears”, Machine Head e “Fuel”, Metallica entre mais uns poucos temas conhecidos. Neste repertório fica a pecar o tema de Metallica escolhido para actuação, não só porque não é dos melhores temas do grupo, mas porque a versão apresentada deixou um pouco a desejar. Muitos outros clássicos do conjunto poderiam ter sido escolhidos para dar mais peso e entusiasmo á noite.
João Freitas, o melhor nesta noite!
Tanto neste tema, como em qualquer um dos outros – e de realçar os de Lamb of God – supremacia notória do baterista, João Freitas, que mostrou uma grande mestria e técnica no seu instrumento. Um dos melhores bateristas da região actualmente, com certeza! Aspectos menos positivos, talvez o facto do registo vocal de Filipe Vale não ser muito indicado para alguns dos temas, sendo notório nos temas “Fuel” de Metallica e “Duality” de Slipknot (neste ultimo o refrão foi cantado uma oitava abaixo). Apesar de se exprimir muito bem nas linhas mais “raivosas”, falhou nas tonalidades mais agudas e que obrigavam a uma voz limpa de ruído. Apesar disso, acabou por ser o mais enérgico durante a actuação, pois o conjunto agarrou-se muito ao chão e não se deixou levar pelo contágio dos “riff´s”. As guitarras apesar de um pouco perdidas – o que em bares pequenos é fatal quando os músicos não regulam bem os seus amplificadores – representaram muito bem o seu papel e pouco há a apontar nesta matéria. As linhas de baixo fundiram-se na perfeição com a já falada excelente prestação da bateria, formando uma secção rítmica muito consistente. No final todos pareciam satisfeitos com esta noite dedicada ao metal, também, se calhar, já a pensar na próxima oportunidade para sair de casa e ouvir sons como este, diferentes. Os espaços nocturnos teimam em apostar em sonoridades banais, comerciais demais e ao mudarmos de um para o outro, vamos ouvir mais do mesmo. O bar PDL tem vindo a apostar tenuemente em eventos deste género, o que é de salutar e espera-se que continue. Parabéns aos intervenientes, inclusive ao publico que participou positivamente na festa.
in jornal "A União" de 02 de Março de 2006
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