Texto - Miguel Linhares / Foto - Popline
Max Cavalera
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Quem me conhece bem, sabe que adoro Soulfly e Sepultura (de 1988 a 1996), mas embora me identifique na perfeição com os sons que estas bandas produzem, cada uma ao seu estilo, e com as letras e mensagens, o que mais me fascina é a figura que está por detrás destes dois êxitos do mundo do Metal: Max Cavalera. Desde que conheci Sepultura – por volta de 1992 deram-me uma cassete “ranhosa” do “Arise” – que fiquei a adorar aquele som. E na altura só ouvia, basicamente, bandas como Accept, King Diamond, Metallica, Helloween, Guns n´Roses, Def Leppard… no entanto aquilo cativou-me. Pouco tempo depois saiu ao mundo o “Chaos AD”, uma obra-prima no Metal mundial e mais ou menos nessa altura comprei a biografia do grupo e foi ai que realmente fiquei a respeitar imenso aqueles quatro indivíduos. Saber que quatro putos pobres – quer dizer o baixista vinha de famílias abastadas – que andavam descalços nas favelas de Belo Horizonte, no Brasil, teimaram que um dia iam tocar num grupo e fazerem vida disso e ser esse o seu sustento… e depois acompanhar, página por página, as peripécias por que passaram, durante todos aqueles anos até chegarem onde tinham chegado…uma das bandas mais bem sucedidas do mundo metaleiro! Só aqui é que comecei a “perceber” as letras que o grupo fazia, mas essencialmente quem era aquela pessoa, o Max, homem que mais tarde abandonou esse projecto de longa data e formou os Soulfly, uma banda mais superficial a nível musical, mas muito mais profunda a nível lírico. Como alguém disse uma vez: “O que é difícil não é escrever muito, é dizer tudo escrevendo pouco.”. Ele consegue isso! Quem conhece a história de vida dele e acompanha a sua carreira há 15 anos, como eu, não ouve só meia dúzia de frases raivosas e palavrões! Ouve a voz de alguém que sofreu e vai sofrendo com o mundo… e com o “seu” imensamente injusto e corrupto Brasil.No passado fim-de-semana, os Soulfly estiveram em Portugal e mais concretamente no domingo no Hard Club, em Gaia. Como já é regra em concertos grandes, tenho sempre amigos que me ligam e acabo por ouvir – entre as limitações das ligações móveis – uma ou duas músicas de concertos que não tive oportunidade de lá estar. Um em especial que me tinha marcado muito até hoje – entre várias dezenas – foi um telefonema a partir do concerto de Iron Maiden, em Lisboa, há um ano ou dois, em que ouvi na integra o “The number of the beast”. Desta vez marcou-me mais! Ouvi o “Refuse/Resist cantado pelo Max Cavalera e ainda a música “Fire” do primeiro álbum de Soulfly. E mais uma vez eu estive lá, sem na realidade lá estar! Obrigado aos camaradas que me ligaram a partir do concerto!!!
in jornal "A União" de 29 de Março de 2006
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