Desde o final dos anos 80, princípios de 90, que na ilha Terceira inúmeras foram as bandas que tocaram “covers”, optando por nunca fazer originais, outras foram as que fizeram algumas originais, mas regra geral, todas começaram as suas caminhadas com versões de temas conhecidos de todos. Além de ser um modo imperioso de ganhar experiência, não só ao vivo, mas em ensaio também, ajudava a cativar publico e dava-lhes mais amadurecimento para comporem os seus próprios temas. Alguns grupos actuaram vários anos e nunca apresentaram um tema original, fazendo-se de meros “copiadores” – o mais fieis possível – dos temas que todos conheciam e cantavam.
Nos dias de hoje já se nota mais audácia e atrevimento, pelo que mais facilmente um grupo começa a dar-se a conhecer com temas originais, mas ainda prevalece aquele velho hábito de fazer as “covers”. E sinceramente, acho isso importante para um conjunto que quer aprender a sê-lo, na verdadeira essência da palavra. Aqui em S. Miguel, não só o meio é caracterizado por sonoridades completamente diferentes das nossas – muito mais agressivas e diga-se, na generalidade menos melódicas e exploradas – como existe a tendência para não fazer “covers”. Os grupos gostam de apresentar trabalhos seus, composições da sua autoria e nada mais. Esta irreverência tem o seu lado positivo, pois muitos destes grupos são contemplados com muita qualidade e tem como marca própria…o seu som. Prova disso foi – depois da vitória – a prestação dos Stampkase no AngraRock 2005. Um pouco mais discutida, mas com igual valor, foi a mesma vitória e prestação dos Hiffen, no mesmo festival, mas em 2003. Se calhar antes de 2003 e já depois de termos tido vários concorrentes micaelenses a actuar no AngraRock – incluindo os Dark Emotions, que arrecadaram o 3º lugar em 2000 – ninguém achava possível um grupo micaelense ganhar na realidade um concurso em Angra do Heroísmo…
Ainda assim, se é importante tocar temas de outros grupos e, deste modo, encher mais facilmente qualquer recinto, também é verdade que com persistência e alguma inclinação para a música, consegue-se o mesmo efeito com temas originais e desde muito cedo deixar bem vincado o cartão de visita do conjunto. Não obstante o facto de isto ser uma realidade é agradável quando alguns músicos decidem juntar-se unicamente para tocarem “covers”, é bom ver a garra com que o fazem. Uns melhores que outros, musicas melhores que outras, mas com o espírito que é comum a todos os amantes de Rock…
in jornal "A União" de 02 de Março de 2006
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