Texto - Miguel Linhares
É sempre interessante ver os Óscares, os Grammys, os MTV Vídeo Music Awards ou quaisquer outros prémios relacionados com música ou cinema. Para quem gosta de acompanhar estas artes, estes são os momentos altos dos artistas, produtores, realizadores e de todas as pessoas que tornam possível um trabalho que à partida se quer o mais perfeito possível. É o reconhecimento público da qualidade obtida nesse trabalho, desde a sua criação à sua concepção. Imagino que nada transmitirá a esta gente melhores sensações enquanto profissionais.
Durante a minha adolescência cheguei mesmo a tentar criar no meu subconsciente a ilusão que um dia seria eu a subir a um palco daqueles e a receber um prémio. Já subi a muitos palcos enquanto músico, mas com a entrada na maturidade percebi que esses seriam mesmo os maiores que haveria de subir. Talvez para tentar me consolar, digo a mim mesmo que pelo menos as ilusões apareceram e desapareceram na idade certa! Na idade das ilusões e dos sonhos. Mas a verdade é que para muitos que fizeram esse mesmo exercício ilusório durante a adolescência, o sonho acabou por se concretizar.
Para os músicos, os Grammys serão talvez os prémios mais importantes e os que darão mais prazer em receber. Embora muitas vezes os vencedores não sejam os que tem mais qualidade, isto poderá depender de uma mera opinião pessoal, apesar de, não muito raramente, ser a opinião pessoal de muita gente. O descontentamento existe sempre e não se pode agradar a todos, pois nem todos podem ganhar.
Sempre que posso, vejo em directo estes grandiosos eventos e este ano por exemplo acompanhei em directo a entrega dos Óscares. Como sou muito mais viciado em música do que em cinema, teria-me dado muito mais prazer acompanhar os Grammys, mas assim não aconteceu. No entanto soube os resultados no dia seguinte através da Internet e depois através dos noticiários nacionais, onde podemos ver os momentos mais importantes. Poucas surpresas, pelo menos para mim: Amy Winehouse arrecadou quase todos os prémios mais importantes, 5 no total. A grande vencedora desta quinquagésima edição dos Grammy´s! Mas faltou-lhe um Grammy para fazer história. O de Álbum do ano! E este normalmente vai para os grandes nomes da pop, como a Amy Winehouse, embora já tenha sido ganho, por exemplo, pelas Dixies Chicks, pela Barbra Streisand ou pelo Frank Sinatra. Este ano a academia fugiu desavergonhadamente à regra e ganhou…
Um álbum de Jazz!
Herbie Hancock com o álbum “River:The Joni Letters”, um tributo do artista a Joni Mitchel. O álbum conta com participações de pessoas que, de uma forma ou outra, foram inspiradas pela música de Joni Mitchel. Entre elas, Norah Jones, Leonard Cohen, Tina Tuner ou Corine Bailey Rae. É um prémio mais que merecido a um dos géneros musicais mais brilhantes de sempre, no entanto quase sempre incompreendido e ignorado. É também um prémio a um artista de excelência, caracterizado nos seus quase 50 anos de carreira… Sim 50 anos!
Ele que tocou e teve como mentor Miles Davis, um dos músicos mais influentes do século XX. É uma boa surpresa que brilha tanto ou mais do que a maquilhagem ou as vestimentas garridas das habituais estrelas da pop que sobem ao palco…
O tal palco dos sonhos…
in jornal "A União" e no programa "A Noite", RDP-Açores, 27 de Fevereiro, 2008
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