quinta-feira, junho 26, 2008

Sanjoaninas - Parte 1

Texto - Miguel Linhares

Chegaram mais umas Sanjoaninas. Milhares de pessoas acorrem ao centro da cidade de Angra do Heroísmo para ver as maiores festas. Independentemente do que cada um mais gosta de ver por lá, a nós interessa a música.

É quase impossível ver todos os espectáculos que ocorrem nos três palcos espalhados pela cidade, pelo que há que fazer uma pré selecção dos que achamos que queremos mesmo ver.

Mas desde já e passados 4 dias de festa já é possível fazer um balanço do que se passou. E não posso começar sem mencionar as actuações de Kumpania Algazarra, tanto na Rua de S. João, fazendo animação de rua na própria noite de S. João, como no dia a seguir, ou seja ontem, no palco da Alfândega. Muito influenciados pelo som Gipsy e coladinhos a Emir Kusturica, este colectivo português já tinha deixado boas impressões nas Festas da Praia no ano passado.

Na noite de S. João foram arrebatadores. A rua parecia uma pista de dança, muito sui generis, diga-se, ao som dos metais, da batida rápida e do megafone dos Kumpania. Começou ás 3 da manhã andou pela cidade e, dizem, só acabou pelas 8 na porta do hotel, sempre com público a segui-los. Na noite passada, já em formato de palco, deram mais um excelente concerto, com muita energia, extrema interactividade com o público e uma sonoridade que realmente prima pela excelência.

Também devemos mencionar as boas prestações de Jorge Palma no sábado, no palco do Porto de Pipas e dos terceirenses RIP e Strëam no domingo.
Uma nota engraçada teve o guitarrista de RIP, Kit, que no final do concerto e entre os agradecimentos vangloriou-se de serem a única banda na Terceira que arriscava fazer músicas originais em português. Erro crasso para um músico com experiência e que, supostamente, devia conhecer o pequeno meio musical terceirense. Esqueceu-se dos companheiros de agência, os Goma, que existem há dois anos e também fazem-no (e muito bem, diga-se), corrigindo esse pormenor logo a seguir. Esqueceu-se também dos Manifesto que fazem-no há 11 anos. Esqueceu-se também dos Resposta Simples que fazem-nos há 7 anos e dos Amnnezia que tem pelo menos duas músicas originais em Português. Um apontamento muito engraçado de Kit.

Para finalizar esta primeira parte das Sanjoaninas, mencionar o concerto de ontem à noite da americana Lisa Doby, uma artista desconhecida entre a maioria do público, mas que rapidamente cativou os presentes através da sua alegria e muito boa voz, acompanhada de excelentes músicos. Muito soul nesta artista. Falta ainda ver, entre muitos outros, Clã, Luís Represas, Orquestra AngraJazz e Xaile.
No mesmo momento que ouvirem esta crónica deverei estar a ver o concerto de Anjos no Porto de Pipas, algo que não me emociona muito, mas que também vai merecer a nossa presença no recinto da festa. Afinal as Sanjoaninas são só 10 dias. Até para a semana.

in "A Noite", RDP-Açores, 25 de Junho, 2008

4 comentários:

Pedro disse...

Bandas a cantar em português???Pois, não te esqueças tb dos Anéis de Marfim,da terceira, tb cantam em português e é um projecto já com 3 anos...2 presenças no Angrarock e alguns concertos intimistas
Pedro Soares, baixista dos Anéis de Marfim

Miguel Linhares disse...

Sim e realmente já tinha adicionado mais bandas, inclusivé os Aneis de Marfim, para o artigo idêntico a este que sai na União de amanhã, quarta-feira.
E provavelmente até estou-me a esquecer de mais alguma. A ideia aqui não é nos lembrarmo-nos de todas, o que está errado é afirmar "que a minha banda é a única...".
Mas agradeço o teu reparo.
Abraço

Anónimo disse...

Proponho que o KIT seja condenado à morte por se ter esquecido de tão ilustres bandas que cantam na língua de Camões.
Caramba, todos nós temos direito a lapsos os aneiras de vez em quando e quem conhece o KIT sabe que muitas vezes quando ele abre a boca ou entra mosca ou sai asneira.. Mas fazer uma telenovela com isso também parece demais.
Haja saúde!

Pedro disse...

ok Miguel, desculpa então, espero para ver a união de amanhã, obrigado pela info.
Acerca do nosso amigo anónimo te dito que fazer uma novel sobre isto???
Se não defendemos o que é nosso e gostamos, quem defenderá????
abraço
Pedro